Putin pede a Macron para superar a desconfiança e unir forças
O presidente russo apoiou adversários do centrista francês durante a corrida eleitoral e é acusado de tentar prejudicá-lo
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse ao presidente eleito da França, Emmanuel Macron, nesta segunda-feira, que espera deixar a desconfiança mútua de lado e trabalhar com ele, em uma mudança de tom depois de o Kremlin ter expressado apoio a rivais do centrista na corrida presidencial.
“Os cidadãos da França lhe confiaram a liderança do país em um momento difícil para a Europa e para toda a comunidade internacional”, disse Putin a Macron, cuja equipe acusou a Rússia de tentar prejudicá-lo durante a campanha. Segundo o governo russo, o presidente do país felicitou o francês em um telegrama de cumprimento pela vitória.
“O aumento das ameaças de terrorismo e extremismo militante vem acompanhado de uma escalada em conflitos locais e da desestabilização de regiões inteiras”, escreveu Putin. “Nestas condições, é especialmente importante superar a desconfiança mútua e unir esforços para garantir a estabilidade e a segurança internacionais”, completou.
No final de sexta-feira, um dia e meio antes de as urnas abrirem, a campanha de Macron disse ter sido alvo de uma grande invasão cibernética que publicou e-mails internos da campanha na internet. Uma consultoria de inteligência cibernética de Nova York, Flashpoint, afirmou haver indícios de que um grupo de hackers com laços com a inteligência militar russa esteve por trás do ataque. Outras consultorias confirmaram a suspeita e disseram se tratar do mesmo envolvido na invasão dos servidores do Partido Democrata, nos Estados Unidos, no ano passado. Putin nega veementemente qualquer interferência em eleições estrangeiras.
No início da campanha, um assessor de Macron também disse que a Rússia montou uma estratégia para disseminar “notícias falsas” para desacreditá-lo enquanto candidato. Putin ainda falou favoravelmente sobre François Fillon, adversário conservador de Macron que queria reiniciar as relações abaladas com Moscou. Mais tarde, depois que as perspectivas de Fillon minguaram devido a um escândalo de nepotismo, o presidente russo tomou a atitude incomum de conceder uma audiência no Kremlin à candidata de extrema-direita Marine Le Pen, oponente do centrista no segundo turno.
A vitória de Macron amplia uma sequência de derrotas de Putin, que apostava em reviravoltas políticas em capitais ocidentais que abrissem caminho para novos líderes mais bem dispostos em relação à Rússia. Mesmo sua comentada proximidade com Donald Trump, nos Estados Unidos, foi abalada devido à escalada do conflito sírio.
(Com Reuters e AFP)