O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu nesta quarta-feira no Kremlin o secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson. Também esteve no encontro o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, com quem Tillerson se reuniu na manhã de hoje para abordar a crise na Síria e a atual tensão entre Washington e Moscou.
A reunião entre Putin e Tillerson não estava inicialmente na agenda, mas, desde ontem, especulava-se sobre a possibilidade de uma conferência. Esse foi o primeiro encontro do líder russo com um representante da administração de Donald Trump.
Em uma breve coletiva após a reunião, Tillerson e Lavrov falaram sobre a tensão entres dois governos e sobre o conflito sírio. Segundo o ministro russo, Putin expressou durante o encontro sua disposição a retomar a cooperação militar na Síria, desde que os Estados Unidos confirmem que o objetivo é a luta contra os grupos terroristas. Lavrov disse também que o governo russo “insiste” para que investigações aprofundadas sobre o ataque químico na Síria continuem sendo realizados.
Antes de se reunir com Tillerson, Putin afirmou, em uma entrevista exibida nesta quarta, que “o nível de confiança entre os dois países piorou” desde que Trump assumiu a presidência. “Pode-se dizer que o nível de confiança em nossas relações de trabalho, especialmente na questão militar, não melhorou, e provavelmente piorou”, disse Putin ao canal de notícias Mir 24.
A tensão diplomática entre o governo russo e os Estados Unidos se encontra em grande escalada. No dia anterior a chagada de Tillerson na Rússia, a Casa Branca acusou Moscou de encobrir as evidências de que o regime de Bashar Assad foi responsável pelos ataques com gás sarin que mataram mais de 70 pessoas em Homs.
A visita de Tillerson à Rússia prometia resultados interessantes desde o início, já que o secretário cultivou excelentes vínculos com autoridades do governo russo no passado. Suas conexões facilitaram a expansão dos contratos da empresa da qual servia como CEO, a petrolífera ExxonMobil, na Rússia. Além disso, o atual chefe da máquina diplomática americana desenvolveu uma amizade pessoal com o presidente Putin, por quem foi condecorado com a Medalha da Ordem da Amizade.
Mesmo assim, Rex Tillerson insistiu em uma política de linha dura e já iniciou sua viagem com um ultimato para Putin. Afirmou, em uma declaração divulgada pelo Departamento de Estado americano, que o líder russo deve escolher se quer apoiar o regime sírio de Bashar Assad ou deseja formar uma aliança com Ocidente. “Essa é uma aliança a longo prazo que serve aos interesses da Rússia ou prefere se unir aos Estados Unidos, junto com outros países ocidentais e do Oriente Médio, para resolver a crise em Síria?”, disse.