Seif al-Adel, um ex-oficial das forças especiais do Egito que é um membro do alto escalão da Al Qaeda com uma recompensa de 10 milhões de dólares dos Estados Unidos por sua cabeça, agora é o líder “incontestável” do grupo militante, de acordo com um novo relatório da ONU.
Oficialmente, a Al Qaeda ainda não nomeou um sucessor para Ayman al-Zawahiri, que supostamente foi morto durante um bombardeio dos EUA em Cabul, no Afeganistão, no ano passado. A morte de Zawahiri teria sido o maior impacto que a organização sofreu depois que Osama bin Laden, seu fundador, foi morto em 2011, e aumentou a necessidade da nomeação de um novo nome para coordenar as operações e comandar a rede jihadista.
Em janeiro, um oficial da inteligência dos EUA afirmou que a organização ainda não havia chegado a uma decisão final, mas “em discussões em novembro e dezembro, muitos membros consideraram que Seif al-Adel já está operando como o líder incontestado do grupo”. Especialistas ouvidos pela agência de notícias Reuters acreditam que Adel já assumiu o controle, mesmo que informalmente.
“O histórico militar profissional de Seif al-Adel e a valiosa experiência como chefe do comitê militar da Al Qaeda antes de 11 de setembro significam que ele tem fortes credenciais para assumir a liderança geral da Al Qaeda”, disse Elisabeth Kendall, especialista em jihad da Universidade de Oxford, à agência de notícias Reuters.
Adel, cujo nome verdadeiro é Mohammed Salahuddin Zeidan, se destaca dos líderes anteriores pelo seu perfil menos midiático, em contraste aos famosos vídeos incendiários de ameaças aos americanos. Ele só tem três fotos conhecidas, incluindo uma em preto e branco divulgada pela lista de criminosos mais procurados dos EUA.
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“Seu temperamento também se tornou notório. Possuidor de uma ‘língua cáustica’, ele é capaz de ameaçar com violência qualquer um que o desagrade e é conhecido por enfrentar a deslealdade com força rápida e implacável”, escreveu Ali Soufan, um ex-agente especial do FBI que rastreia membros da Al Qaeda. “Com os subordinados, ele pode ser desdenhoso, até brutal, no calor do momento. Mas também é conhecido como uma fonte de conselhos. Em tempos mais felizes, ele mostrou talento para o futebol e uma queda por piadas”.
O novo líder já é indiciado e acusado pelo governo americano desde novembro de 1998. Segundo investigações, Adel teve um papel de liderança nos ataques contra as embaixadas dos Estados Unidos na Tanzânia e no Quênia, que mataram 224 civis e feriram cerca de 5 mil pessoas. De acordo com os investigadores, ele também têm ligação com o assassinato do jornalista americano Daniel Pearl no Paquistão, em 2002.
Na década de 1990, o militante montou campos de treinamento no Sudão, Paquistão e Afeganistão. Adel também teve um papel na emboscada dos helicópteros americanos em Mogadíscio, na Somália, conhecida como o incidente “Black Hawk Down” em 1993, que matou 18 militares americanos.
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Segundo o Departamento de Estado dos EUA, o homem estaria escondido no Irã, para onde teria se mudado após os atentados na África. No Irã, Adel passou a viver sob a proteção da Guarda Revolucionária Islâmica do país até que, em 2003, ele e outros líderes da Al Qaeda foram sentenciados a prisão domiciliar. Os prisioneiros foram libertados em uma negociação pela soltura de um diplomata iraniano sequestrado no Iêmen.