Rei da Espanha acusa Catalunha de “deslealdade inadmissível”
Felipe VI assegurou seu compromisso com “a Constituição e a democracia” espanholas
O rei Felipe VI pediu ao governo da Espanha que, diante da “deslealdade inadmissível” da administração regional da Catalunha, assegure “a ordem constitucional e o normal funcionamento das instituições”. Em um discurso televisionado por todos os meios de comunicação do país, o chefe de Estado lamentou a fragmentação da sociedade catalã.
O monarca destacou sua preocupação com a crise nacional e foi duro com o governo do presidente regional catalão, Carles Puigdemont, ainda que sem citá-lo diretamente. Repudiou a violação sistemática das normas constitucionais espanholas pelas autoridades da Catalunha e as acusou de prejudicar a convivência com o restante do país.
Além disso, Felipe VI defendeu as ações do governo central, destacando que as autoridades “se situaram totalmente dentro da margem do direito e da democracia”. Também enviou uma mensagem aos separatistas: o Estado oferece “vias constitucionais” para defender suas ideias dentro da lei, disse.
O rei terminou seu discurso assegurando o “firme compromisso da Coroa com a Constituição e com a democracia” e seu comprometimento “como rei com a unidade e a permanência da Espanha”.
Essa foi a primeira intervenção institucional televisionada de Felipe VI, que se tornou rei em 2014, após a abdicação de seu pai, Juan Carlos. O antigo monarca fez pronunciamentos como o de hoje em diversas ocasiões, como no golpe de Estado frustrado de 1981 e nos atentados de Madri em 2004.
O referendo
No domingo, o referendo de independência gerou confrontos entre os eleitores e a polícia nacional e a Gurda Civil, que bloquearam os postos de votação. De acordo com as autoridades catalãs, ao menos 884 pessoas e 33 policiais ficaram feridos.
O governo regional da Catalunha anunciou a vitória da independência no referendo e pediu uma “mediação internacional” da União Europeia para resolver o conflito com as autoridades espanholas. Madri, contudo, se nega a aceitar a validade do referendo e da campanha pelo separatismo catalão.
Nesta terça, parte da população da região declarou greve geral em protesto contra a violência policial no dia da votação. Parte das escolas, universidades, comércio e pontos turísticos não abriu as portas em Barcelona. A paralisação também afetou o transporte público de toda a região.