Reino Unido eleva alerta de terrorismo para ‘severo’ na Irlanda do Norte
Mudança ocorre às vésperas dos 25 anos do Acordo da Sexta-Feira Santa, que colocou fim ao conflito entre norte-irlandeses e defensores de unificação
O nível de alerta para ataques terroristas na Irlanda do Norte foi elevado de “substancial” para “severo”, anunciaram autoridades britânicas nesta terça-feira, 28, em meio ao aumento de atividades dissidentes republicanas. A mudança é a primeira em 12 anos, indicando que riscos de ataques passaram de “prováveis” para “muito prováveis”.
A mudança ocorre às vésperas dos 25 anos do Acordo da Sexta-Feira Santa, em 10 de abril, que colocou fim ao conflito entre norte-irlandeses, favoráveis à permanência no Reino Unido, e os defensores da unificação das Irlandas.
O status foi alterado com base em uma avaliação do MI5, o serviço doméstico de inteligência britânico, com base em atividades republicanas dissidentes, incluindo um recente ataque com arma de fogo contra um policial.
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“O público deve permanecer vigilante, mas não alarmado, e continuar a relatar quaisquer preocupações que tenha ao Serviço de Polícia da Irlanda do Norte (PSNI)”, disse o secretário britânico para a Irlanda do Norte, Chris Heaton-Harris.
O nível de ameaça é atualizado pelo MI5 a cada seis meses e, sob a escala de cinco níveis, “severo” fica abaixo de “crítico”. No resto do Reino Unido, o patamar continua “substancial”.
Em fevereiro, o policial de alto escalão John Calwell foi baleado várias vezes por dois homens armados enquanto colocava bolas de futebol no porta-malas do carro. A vítima permanece em estado crítico no hospital.
O ataque teve autoria reivindicada pelo Novo Exército Republicano Irlandês (IRA), herdeiro do IRA, grupo armado que foi a principal força paramilitar contra o domínio britânico nos anos de conflito. Formado em 2012, a estimativa é que o grupo tenha 500 apoiadores, incluindo 100 que estariam preparados para cometer atos de terrorismo.
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O Nova IRA faz parte do movimento republicano da Irlanda do Norte, que tem como objetivo o país deixar o Reino Unido e se unir à República da Irlanda. Dentro do movimento, o grupo paramilitar mais influente era o IRA Provisório e seu braço político Sinn Féin.
Porém, muitos membros do grupo não ficaram satisfeitos com o acordo de paz e continuam apoiando o uso da violência para alcançar a república. Essas pessoas passaram a integrar grupos dissidentes como o Continuity IRA, o Real IRA e – mais tarde – o Novo IRA.
A vice-presidente do Sinn Féin, Michelle O’Neill, reagiu ao anúncio do nível de ameaça no país falando que não havia lugar ou espaço para grupos paramilitares em uma sociedade moderna e democrática. O líder do Partido Unionista Democrático, Sir Jeffrey Donaldson, também solicitou ao governo que aumente o efetivo de policiais na Irlanda do Norte.
“Com os policiais enfrentando tal ameaça, agora é a hora de o governo fornecer esse financiamento adicional para garantir que o servilo policial tenha capacidade total para enfrentar essa ameaça”, disse Donaldson.
O ministro da Justiça da Irlanda, Simon Harris, disse que a polícia vai continuar monitorando a situação.
“Embora a ameaça de um ataque desses grupos nesta jurisdição seja geralmente considerada baixa, a polícia continuará a trabalhar em estreita colaboração com os serviços na Irlanda do Norte”, afirmou.