Reino Unido informa pais imigrantes que filhos pequenos devem voltar ao Brasil sozinhos
Guilherme e Luca, 11 e 8 anos, tiveram o direito de permanência revogado devido ao divórcio dos pais, que têm vínculo empregatício no país
Uma família de brasileiros foi surpreendida após o Ministério do Interior do Reino Unido ordenar que os dois filhos retornassem ao Brasil sem os pais. O caso foi divulgado pelo jornal britânico The Guardian na quarta-feira 18. Guilherme e Luca, 11 e 8 anos, tiveram o direito de permanência revogado devido ao divórcio dos pais, que têm vínculo empregatício no país.
Ana Luiza Cabral Gouveia, enfermeira do NHS (o “SUS britânico”), e Hugo Barbosa, professor sênior de ciência da computação na Universidade de Exeter, se mudaram para o Reino Unido em 2019.
Criados fora do Brasil desde pequenos, os meninos sequer falam português fluente.
“Nunca imaginei que algo assim aconteceria. Isso me faz sentir como se meus filhos fossem criminosos”, disse Ana Luiza ao Guardian.
Na carta que o Ministério do Interior enviou aos pais, informando que as crianças devem retornar ao Brasil, o governo alerta que, embora Guilherme tenha apenas 11 anos, se ele permanecer ilegalmente no Reino Unido pode ser detido, processado judicialmente, proibido de trabalhar ou alugar imóveis lá, além de ter a carteira de motorista (que só poderá tirar daqui seis anos) cassada.
Regras de visto
A família dependia do visto de Hugo, que entrou com pedido de renovação para ele e os filhos no ano passado — para solicitar o documento, é preciso ter vínculo de trabalho no território britânico há cinco anos. A coisa desandou depois do divórcio dos dois, alguns anos após chegarem ao Reino Unido.
A mãe, por sua vez, conseguiu um visto para trabalhadores qualificados em 2022, mas não tem autorização de permanência indefinida, à que o pai tem direito por ter visto de trabalho há mais de cinco anos. O pedido dos meninos foi negado, uma vez que é necessário que ambos os pais tenham a permissão de morar no país.
Orientação do Ministério do Interior
Após a notícia, o pai entrou com uma apelação, que foi negada.
O Ministério do Interior britânico alegou que não há “razões sérias e convincentes para lhe conceder o acordo” e recomendou que Guilherme “retorne ao Brasil com a família”. Luca, em contrapartida, ainda aguarda a decisão, mas também foi orientado a deixar o país. Se os adolescentes permanecerem no país, podem ser detidos e processados.
“Estou convencido de que você poderá retornar ao Brasil e continuar seus estudos no Brasil, onde terá a opção de frequentar uma escola de língua inglesa. Embora isso possa envolver um certo grau de perturbação na vida familiar, considera-se que isso é proporcional ao objetivo legítimo de manter um controle imigratório eficaz”, afirmou o ministério na carta de recusa de permissão para permanecer no Reino Unido enviada a Guilherme.
O texto acrescenta que a necessidade de manter o controle da imigração “é mais importante que o possível efeito sobre vocês”.

