A ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, informou nesta sexta-feira, 22, que viajantes internacionais que resistirem em cumprir quarentena de 14 dias ao chegarem ao país podem ser multados em até 1.000 libras (cerca de 6.800 reais). A medida tem como objetivo evitar uma segunda onda de coronavírus entre os britânicos.
Segundo a nova regra, viajantes que desembarcarem no Reino Unido a partir de 8 de junho deverão se auto-isolar sem receber visitas por 14 dias. Ao entrar no país, seus dados de contato precisam ser compartilhados com as autoridades, para que profissionais da saúde realizem inspeções surpresa em suas residências ou locais de hospedagem. Se não tiver endereço preciso no Reino Unido, o governo determinará sua estadia durante o período de quarentena. Além de multa, o infrator poderá responder a processo potencial e sofrer remoção ilimitada do país.
Patel disse que as medidas são essenciais para impedir que pessoas infectadas cheguem ao Reino Unido e desencadeiem uma segunda onda “devastadora” da Covid-19. O Ministério do Interior informou que haveria exceções limitadas, incluindo transportadores rodoviários, autoridades médicas e certos agentes de segurança. Quem vem da Irlanda não será afetado, graças ao acordo bilateral chamado Área de Viagens Comuns.
Também serão isentos os trabalhadores agrícolas sazonais, devido à dependência dele durante o período da colheita. Eles deverão se auto-isolar na propriedade em que estão trabalhando.
Ao contrário do que foi dito nas últimas semanas, viajantes vindos da França também precisarão cumprir o requisito, postergando a possibilidade de um “corredor turístico” entre os dois países. “Isso não é para hoje, mas não devemos descartar a opção para o futuro”, explicou Patel.
O Reino Unido é o segundo país do mundo em mortes provocadas pela Covid-19, com 36.475 óbitos, segundo levantamento em tempo real da Universidade Johns Hopkins. Responde ainda 255.533 casos de contaminação – total superado apenas pelos Estados Unidos, Rússia e Brasil.
O governo do premiê Boris Johnson também anunciou há alguns dias que essa medida seria revista a cada três semanas, para garantir que fique alinhada com conselhos científicos.
A iniciativa foi descrita pelo CEO da companhia aérea irlandesa Ryanair, Michael O’Leary, como “idiota” e “impraticável”, enquanto a indústria britânica de aviação tem demonstrado que a decisão “matará” as viagens internacionais.
Segundo o jornal britânico Financial Times, diversos órgãos comerciais se manifestaram contra as severas restrições da ministra do Interior. Stephen Phipson, executivo-chefe da Make UK, o órgão de comércio de manufaturas, disse que a medida geral era “isolacionista”.
(Com EFE)