Quase 40 mil pessoas morreram sozinhas em suas casas no Japão durante o primeiro semestre de 2024, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira, 30, pela Agência Nacional de Polícia do país. Mais de 70% do total tinham 65 anos ou mais, um sinal de alerta para o país onde vive a população mais idosa do mundo.
O relatório mostrou que, das 37.227 pessoas encontradas mortas em casa, o maior grupo era de idosos com 85 anos ou mais (7.498), seguido por indivíduos de 75 a 79 anos (5.920), e pessoas entre 70 e 74 anos (5.635).
Cerca de 4 mil corpos foram encontrados mais de um mês após a morte, e 130 passaram despercebidos por um ano inteiro, revelou o relatório. A rede pública de TV japonesa NHK informou que a agência policial compartilhará suas conclusões com um grupo governamental dedicado a investigar mortes sem assistência.
Solidão na velhice
O Japão, onde 30% da população já soprou pelo menos 60 velinhas, enfrenta um problema crescente de isolamento de idosos.
Em abril, o governo japonês apresentou um projeto de lei para lidar com o problema de isolamento entre a população idosa. Entretanto, o envelhecimento e o declínio populacional estão se tornando tão intensos que permanecem difíceis de administrar.
De acordo com o Instituto Nacional Japonês de Pesquisa Populacional e Previdência Social, o número de idosos vivendo sozinhos deve chegar a 10,8 milhões até 2050. A previsão é que o total de residências onde só vive uma pessoa, independentemente da idade, atinja 23,3 milhões no mesmo ano.
No ano passado, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, alertou que o país se encontrava à beira de tornar-se uma sociedade disfuncional devido ao declínio da taxa de natalidade que, fazendo diminuir a população jovem.
Outros países vizinhos, como China e Coreia do Sul, também enfrentam desafios demográficos semelhantes. A população chinesa caiu pela primeira vez desde 1961 e a sul-coreana tem a menor taxa de fertilidade (filhos nascidos por mulher) do mundo.