Repórter e cinegrafista são mortos em ataque de Israel em Gaza, diz Al Jazeera
Jornalistas estavam em um carro rumo à casa de Ismail Haniyeh, chefe Hamas que foi morto nesta terça-feira no Irã, para gravar reportagem
A emissora Al Jazeera, do Catar, anunciou nesta quarta-feira, 31, a morte do repórter Ismail al-Ghoul e do cinegrafista Rami al-Refee em um ataque aéreo de Israel em Gaza. Os jornalistas da emissora catari estavam em um carro no campo de refugiados de Shati rumo à casa de Ismail Haniyeh, chefe Hamas que foi morto nesta terça-feira no Irã, para gravar uma reportagem nos arredores.
“Ismail al-Ghoul estava transmitindo o sofrimento dos palestinos deslocados e o sofrimento dos feridos e os massacres cometidos pela ocupação (israelense) contra o povo inocente em Gaza”, disse à Al Jazeera Anas al-Sharif, colega dos jornalistas que também atua na Faixa de Gaza. “A sensação – não há palavras que possam descrever o que aconteceu.”
Mohamed Moawad, editor-chefe da Al Jazeera em árabe, disse que a dupla foi assassinada enquanto transmitia “corajosamente os eventos no norte de Gaza”. Ele destacou que “sem al-Ghoul, o mundo não teria visto as imagens devastadoras desses massacres” e que al-Refee “cobriu implacavelmente os eventos e transmitiu a realidade de Gaza ao mundo por meio da Al Jazeera”.
“Que vergonha para aqueles que falharam com os civis, jornalistas e a humanidade”, acrescentou.
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Tributo de Ismail
No X, antigo Twitter, Moawad publicou um um texto escrito pelo repórter falecido. No texto, Ismail al-Ghoul relata que não conhece mais “o sabor do sono” porque “os corpos das crianças e os gritos dos feridos e suas imagens encharcadas de sangue” permanecem em sua memória e “os gritos das mães e o lamento dos homens que sentem falta de seus entes queridos nunca desaparecem”.
“Não é mais fácil para mim ficar diante das fileiras de caixões, que estão trancados e estendidos, ou ver os mortos mais do que os vivos que estão lutando contra a morte sob suas casas, sem encontrar uma saída para a segurança e a sobrevivência. Estou cansado, meu amigo”, escreveu ele, em data não divulgada.
Ao todo, quase 40 mil palestinos morreram desde o início da guerra, em 7 de outubro. O escritório de mídia da Faixa de Gaza, administrado pelo Hamas, disse 165 jornalistas palestinos foram mortos por fogo israelense.