O presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano Paul Ryan, vem desafiando o presidente do país e seu colega de partido, Donald Trump. Nesta quarta-feira (06), provocou Trump ao discordar de suas suspeitas de que o FBI infiltrou um “espião” na campanha presidencial vencedora em 2016.
Trump desconfia que essa interferência foi determinada por seu antecessor, Barack Obama, e já pediu que uma investigação sobre o caso fosse aberta.
Porém, muitas autoridades americanas já negaram a existência de qualquer irregularidade no trabalho do FBI, incluindo membros do Partido Republicano. Ryan também se posicionou, em uma campanha que tem irritado Trump.
O presidente da Câmara também desafiou o mandatário em outra declaração nesta quarta, quando afirmou que Trump não pode conceder um perdão presidencial a si mesmo, ressaltando que ninguém nos Estados Unidos está acima da lei.
Na segunda-feira, Trump afirmou que tem o “direito absoluto” de conceder um indulto presidencial a si mesmo, à medida que avança a investigação comandada por Robert Mueller sobre um suposto conluio entre a equipe de campanha do presidente e Moscou, assim como uma possível “obstrução à Justiça” por ele.
Questionado por um jornalista nesta quarta-feira sobre se Trump tem esse poder, Ryan respondeu que não conhece a “resposta técnica” a essa pergunta, “mas obviamente a resposta é que não deveria, ninguém está acima da lei”.
Espionagem do FBI
Tanto Paul Ryan quanto o presidente da Comissão de Supervisão e Reforma de Governo da Câmara, o também republicano Trey Gowdy, compareceram a uma reunião instrutiva em maio após relatos de que o FBI usou um informante em sua investigação sobre interferência da Rússia na eleição americana.
Depois de revisar as informações sigilosas que recebeu, Gowdy descartou que o FBI tenha cometido algum delito irregular.
“Estou ainda mais convencido que o FBI fez exatamente o que meus companheiros cidadãos gostariam que ele fizesse quando recebeu a informação que recebeu”, disse Gowdy à rede de televisão Fox News na semana passada. “E isso não tem nada a ver com Donald Trump.”
Gowdy acrescentou, em uma outra entrevista à CBS, que tais informantes são usados o tempo todo e ressaltou sobre o FBI que, “se eles estivessem na mesa esta manhã, eles diriam a você que a Rússia era o alvo e as intenções da Rússia em relação ao nosso país eram o alvo”.
Nesta quarta-feira, Ryan disse a repórteres acreditar que “a avaliação inicial” de Gowdy “é acurada”, e que não viu “qualquer evidência do contrário”.
Paul Ryan, que faz parte da liderança republicana no país, foi eleito por sete vezes consecutivas para a Câmara de Representantes dos Estados Unidos pelo Estado do Wisconsin. Ele foi um dos membros do Partido Republicano que hesitou em apoiar a campanha de Donald Trump em 2016.
Ryan foi pré-candidato republicano à Casa Branca nas eleições de 2012 e de 2016. Em abril, anunciou que não buscaria a reeleição como congressista para ficar mais tempo com a família.
(Com AFP e Estadão Conteúdo)