Erdogan aparece na frente após apuração de primeiras urnas na Turquia
Eleições não decidirão apenas o mapa político para os próximos cinco anos, mas uma mudança substancial na forma de governo
O atual presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pode se reeleger no país, segundo resultados preliminares divulgados neste domingo (24) pela agência de notícias oficial local, Anadolu.
Com quase 60% das urnas apuradas, Erdogan aparece com 55,93% dos votos. Em segundo lugar está o social-democrata Muharrem Ince, candidato do Partido Republicano do Povo (CHP), com 28,93%. Em seguida aparece Meral Aksener, ex-ministra do Interior e dirigente do Partido IYI.
Pelo Twitter, Ince criticou os resultados divulgados pela Anadolu, afirmando que a agência está manipulando a população, informando apenas os resultados das urnas onde Erdogan está à frente.
De fato, há acusações que em eleições anteriores a Anadolu tenha manipulado os resultados preliminares. Segundo o jornal britânico The Guardian, o objetivo é desencorajar os ativistas da oposição, de modo que eles abandonem seus postos de observação nas seções eleitorais.
A plataforma de notícias Adil Seçim Platformu, representante da imprensa alternativa no país, divulgou um resultado preliminar um pouco diferente: 43.51% para Erdogan e 33.92% para Ince. Se esse cenário se concretizar, os dois candidatos se enfrentariam em um segundo turno, marcado para 8 de julho.
As eleições presidenciais e legislativas na Turquia neste domingo (24) serão, provavelmente, as mais importantes para o país neste século. Não decidirão apenas o mapa político para os próximos cinco anos, como também podem vir a definir uma mudança substancial na forma de governo.
Como espera o atual presidente, Recep Tayyip Erdogan, com grandes chances de reeleição, o país eliminará a figura do primeiro ministro, e o poder será concentrado no Complexo Presidencial.
O partido de Erdogan, Justiça e Desenvolvimento (AKP), governa o país desde 2002 e promete, se vitorioso neste domingo, remodelar profundamente o sistema de governo para criar uma “nova Turquia” e trazer de volta a grande otomana do passado. Esse novo sistema foi esboçado em reforma constitucional do ano passado, mas ainda não está plenamente em vigor.
A oposição, por sua vez, promete desfazer as mudanças constitucionais e recuperar o papel do Parlamento, como centro do Poder Legislativo determinante para formação do Poder Executivo. Hoje, serão eleitos os 600 deputados do Parlamento turco e, em uma cédula separada, o presidente do país.
As eleições estavam previstas para novembro de 2019, mas foram antecipadas por uma decisão surpreendente de Erdogan, em abril passado.