O embaixador da Rússia na Organização das Nações Unidas (ONU), Vassily Nebenzia, acusou os Estados Unidos de atiçar deliberadamente as tensões internacionais e de ameaçarem a Rússia de maneira “imperdoável”. A embaixadora americana Nikki Haley rebateu acusando a Rússia de ter “as mãos manchadas pelo sangue de crianças sírias”.
Durante reunião do Conselho de Segurança sobre um ataque de gás venenoso em Duma, uma cidade controlada pelos rebeldes sírios, Nebenzia acusou Estados Unidos, França e Reino Unido de utilizarem “calúnias, insultos, chantagem, sanções, retórica agressiva e ameaças de usar a força contra um Estado soberano”. Ele disse que os Estados Unidos não entendem o que estão fazendo agora e advertiu que Washington está movendo o mundo em direção a um “limite perigoso”.
O diplomata russo reiterou a alegação de Moscou de que não houve ataque químico a Duma no último domingo e disse que uma missão de investigação da Organização para a Proibição de Armas Químicas deveria ir a Damasco.
“Ninguém os investiu com a autoridade para atuar como policiais do mundo… nós chamamos vocês para voltarem à dobra legal”, afirmou Nebenzia aos Estados Unidos.
Já a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, afirmou que “os Estados Unidos estão determinados a ver que o monstro que jogou armas químicas no povo sírio foi responsabilizado”. Ela não especificou, no entanto, quem era “o monstro” a quem se referia.
Ela acrescentou que “o monstro não tem consciência para se chocar com as imagens de crianças mortas” e por isso ela não iria mostrar tais fotos. “O regime russo, cujas mãos também estão cobertas pelo sangue de crianças sírias, não pode ser envergonhado por fotos de suas vítimas. Já tentamos isso antes”.
Para Haley, o Conselho de Segurança da ONU deve cumprir seu dever “ou demonstrar seu completo fracasso em proteger o povo da Síria“. Ela também acusou a Rússia e o Irã de “permitir a destruição assassina do regime de Assad“.
De acordo com a embaixadora, o presidente americano, Donald Trump, está pesando “decisões importantes”. Trump e o presidente francês Emmanuel Macron conversaram nesta segunda-feira pelo segundo dia consecutivo sobre a situação na Síria. Segundo o porta-voz do governo francês, Macron afirmou que o uso de tais armas para provocar mortes é uma “linha vermelha” que desencadeará uma ação de seu país, até mesmo unilateral.
O ministro de relações exteriores russo, Serguei Lavrov, informou que seu país apresentará nesta terça-feira no Conselho de Segurança da ONU uma resolução para o acesso dos especialistas da Organização para a Proibição de Armas Químicas ao local do suposto ataque químico “Convidamos analistas da Opaq a se deslocar à região e insistiremos para que realizem essa visita”, disse em entrevista coletiva.
“Se, sob o pretexto de falta de garantias de segurança, aqueles que empregam argumentos anti-russos para perseguir seus objetivos ‘russofóbicos’ não permitem que os especialistas venham, então será um veredicto sobre seus planos verdadeiros e mostrarão que eles não têm interesse em estabelecer a verdade”, ele afirmou.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)