A aviação russa bombardeou a província de Idlib, último reduto rebelde do noroeste da Síria, nesta terça-feira 4, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Ao menos nove civis, incluindo cinco crianças de uma mesma família, morreram no ataque. Outras dez pessoas ficaram feridas
“Os aviões russos bombardearam novamente a província de Idlib depois de uma pausa de 22 dias”, indicou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.
Segundo a organização, os ataques visaram 24 zonas. Aviões de guerra seguiam sobrevoando a região na parte da tarde.
Também nesta terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, declarou que as Forças Armadas sírias “se dispõem a resolver” o problema do “terrorismo” na província de Idlib.
“A situação em Idlib continua preocupando Moscou, Damasco, Ancara e Teerã”, declarou Peskov à imprensa dois dias antes de uma cúpula tripartite entre Rússia, Turquia e Irã sobre a Síria. “Formou-se um núcleo de terrorismo, e isso desestabiliza a situação”, destacou.
“Minava os esforços para alcançar uma solução político-diplomática” na Síria e, “o que é principal, isso constitui uma ameaça importante para nossas bases” militares na Síria, acrescentou.
Segundo Moscou, dessa zona são pilotados dezenas de drones que ameaçam a base aérea russa de Hmeimim. “Sabemos que as Forças Armadas sírias se dispõem a resolver esse problema”, acrescentou.
Peskov não quis comentar os bombardeios da Rússia contra Idlib nesta terça. O ministério russo da Defesa também não se pronunciou.
O ataque
De acordo com o OSDH, os ataques russos em Idlib “acontecem um dia depois dos ataques rebeldes contra posições das forças do regime na província vizinha de Latakia, que fizeram três mortos”.
A província costeira de Latakia é um dos principais redutos do regime sírio e região de origem da família do presidente Bashar Assad.
A aviação russa bombardeou os setores sul e sudoeste da província, segundo o OSDH. O regime de Bashar Assad vem concentrando tropas há mais de um mês nos limites de Idlib em preparação para uma importante ofensiva.
Os bombardeios nessa região começaram em 10 de agosto e foram diminuindo.
Idlib é a última região síria que Damasco não controla. Cerca de 60% da província está dominada pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS, formado por ex-membros da Al Qaeda), e também por múltiplas milícias rebeldes.
Crise humanitária
Na segunda-feira, o presidente americano Donald Trump advertiu Síria, Rússia e Irã sobre uma ofensiva em Idlib, estimando que uma operação nessa região poderia provocar “uma tragédia humana”.
Segundo a ONU, ataques na região poderiam fazer com que 800.000 pessoas abandonem suas casas e provocar “uma catástrofe humanitária”.
O conflito na Síria, que teve início em 2011, já fez mais de 350.000 mortos e milhões de deslocados.
(Com AFP)