Rússia, China, Bolívia e Irã apoiam resultado de eleições venezuelanas
Venezuela recebeu injeção de US$ 3 bilhões da Rússia e financiamento de US$ 20 bilhões da China
Os governos da Rússia, China, Bolívia e Irã deram sinais nesta segunda-feira, 21, de que consideram legítima a vitória de Nicolás Maduro nas eleições de 20 de maio.
“As eleições foram realizadas. Os seus resultados já têm um caráter irreversível: dois terços dos votos foram para o atual presidente do país, Nicolás Maduro”, afirmou Alexander Schetinin, diretor do Departamento da América Latina do Ministério de Relações Exteriores da Rússia.
Segundo o responsável da Chancelaria russa, Estados Unidos e outros países ocidentais intervieram nas eleições presidenciais da Venezuela e trataram de colocar impedimentos com suas chamadas ao boicote e seus anúncios de que não reconheceriam os resultados.
A Rússia formalizou seu apoio ao regime de Maduro com um empréstimo de 3 bilhões de dólares a Caracas em 2011, que ainda não foi pago. Recentemente, as duas nações renegociaram os termos de pagamento da dívida.
Nesta segunda, o presidente Vladimir Putin parabenizou Maduro pela reeleição. “Putin se mostrou confiante que a atividade do presidente Maduro à frente do Estado permitirá garantir o desenvolvimento das relações de associação estratégica que existem entre os dois países”, informou o Kremlin em comunicado.
A China também fez altos investimentos no país, em torno de 20 bilhões de dólares, em troca de preços mais amigáveis do petróleo importado da Venezuela. O governo chinês pediu que se “respeite a decisão do povo venezuelano”. Segundo o porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores da China, Lu Kang, o país “abordará os assuntos relevantes de acordo com a prática diplomática”.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, tuitou uma mensagem de apoio a Maduro. “O povo venezuelano soberano triunfou novamente ante o golpismo e o intervencionismo do império americano. Os povos livres jamais se submeterão. Parabéns ao irmão Nicolás Maduro e ao bravo povo da Venezuela”, escreveu.
A Bolívia faz parte do Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América, ou simplesmente Alba, ao lado de Venezuela e outras nações com inclinação socialista, como Cuba.
O porta-voz de Relações Exteriores do Irã, Bahram Qasemi, por sua vez, afirmou que as eleições nas quais Maduro foi reeleito são “um grande sucesso para a democracia no país latino-americano” e pediu à comunidade internacional que respeite os resultados.
“Realizar as eleições presidenciais apesar da pressão interna e das ameaças e sanções estrangeiras é uma grande vitória e uma conquista para a democracia na Venezuela”, ressaltou Qasemi em comunicado.
O Ministério das Relações Exteriores da República Islâmica insistiu sobre a disposição de Teerã para “melhorar ainda mais” as suas relações com Caracas, que são muito próximas desde a época do falecido Hugo Chávez, com base na oposição mútua aos Estados Unidos.
Repúdio
Nesta segunda-feira, Brasil e seus companheiros do Grupo de Lima criticaram a Venezuela por não ter atendido aos repetidos chamados da comunidade internacional “pela realização de eleições livres, justas, transparentes e democráticas”.
Os 14 países do Grupo de Lima convocaram seus embaixadores em Caracas para consultas e concordaram em “reduzir o nível de suas relações diplomáticas com a Venezuela”, em protesto contra o polêmico processo eleitoral.
A oposição venezuelana também criticou os resultados, denunciando irregularidades e pedindo novas eleições. Estados Unidos, Canadá e União Europeia (UE) anteciparam que não reconheceriam os resultados.