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Rússia critica Europa e exige participar de tratativas sobre garantias à Ucrânia

Kremlin reclama enquanto europeus negociam formato de proteções que podem dar a Kiev para impedir futuras invasões russas num cenário pós-guerra

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 ago 2025, 15h22

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou nesta quarta-feira, 20, que as negociações entre líderes europeus sobre as garantias de segurança que podem dar à Ucrânia como parte de um acordo para encerrar a guerra no país “não vão dar em nada” sem a participação de Moscou. Uma das principais demandas de Kiev, tais proteções pretendem impedir potenciais invasões russas após o eventual fim do conflito, que já dura três anos e meio, e o esforço para propor um formato mais claro dessas garantias ganhou impulso renovado após uma reunião entre chefes de Estado da Europa e o presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca.

Lavrov desdenhou da diplomacia europeia, afirmando que figuras da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia empreendem apenas uma “tentativa desajeitada de influenciar Trump”. Para ele, Moscou deve participar das tratativas sobre questões de segurança ucranianas no processo de paz.

“Discutir as garantias de segurança sem a Rússia não vai levar a lugar algum”, disse o ministro russo durante uma visita de trabalho à Jordânia. Ele acrescentou que a China, aliada do Kremlin na guerra, deveria estar entre os garantidores da segurança da Ucrânia – retomando uma proposta apresentada por Moscou lá atrás, durante as primeiras negociações para encerrar a guerra, no início de 2022.

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Os líderes do Reino Unido, Keir Starmer, e da França, Emmanuel Macron, copresidiram uma reunião virtual com representantes europeus para discutir as possíveis garantias na terça-feira, e os ministros da Defesa de países-membros da Otan tiveram uma conversa “franca” sobre o tema nesta quarta por videoconferência — no vocábulo da diplomacia, isso significa que deve ter havido bastante discórdia.

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O que são as garantias de segurança?

Após Donald Trump prometer na segunda-feira 18 que a Ucrânia receberá “muita ajuda” como parte de um acordo para encerrar a guerra, embora tenha apenas aludido à possibilidade dos Estados Unidos contribuírem com as defesas aéreas do país, líderes europeus começaram a explorar possíveis formatos de garantias de segurança num cenário pós-guerra.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que os detalhes serão acertados e “formalizados no papel” dentro de até dez dias. É provável que até 30 países – a chamada “coalizão dos dispostos” – estejam envolvidos, com alguma ajuda de Washington, embora o que isso significa na prática não esteja claro. O apoio poderia tomar muitas configurações, mas as principais são: 1) presença de tropas estrangeiras na Ucrânia; 2) compartilhamento de inteligência; 3) segurança aérea e naval, com foco no Mar Negro; 4) recursos financeiros para fortalecer o próprio exército ucraniano. Os rumos das negociações são vagos. Pode ser que apenas um desses formatos, ou todos juntos, ou uma combinação deles faça parte do acordo final.

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A Rússia reiterou repetidamente que não aceitaria o envio de forças europeias para a Ucrânia, coisa que França e Reino Unido se disseram dispostos a fazer, enquanto Trump descartou a possibilidade de contribuir com soldados americanos. Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, disse que o governo “rejeita categoricamente qualquer cenário que preveja o aparecimento na Ucrânia de um contingente militar com a participação de países da Otan”. Em paralelo, é provável que Kiev veja com ceticismo qualquer perspectiva de Pequim, apoiadora de Moscou durante a guerra, atuar como garantidora da segurança.

Encontro pessoal entre Putin e Zelensky

Depois das reuniões bilaterais e multilaterais de segunda-feira na Casa Branca, Trump anunciou que “iniciou os preparativos” para o primeiro encontro entre os líderes russo e ucraniano desde o início da guerra. Ele afirmou que Putin e Zelensky se encontrariam a sós inicialmente, e ele se juntaria aos dois para uma trilateral em um segundo momento. A Suíça, considerada um país neutro, já se disponibilizou para sediar as reuniões, oferecendo imunidade ao presidente russo, alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por acusações de crimes de guerra.

Lavrov, porém, evitou qualquer referência direta a uma cúpula do tipo, o que condiz com a consistente postura do Kremlin em prol de adiar o planejamento concreto de uma bilateral. Afinal, abrir conversas diretas com Zelensky iria contra a narrativa que Putin cultiva desde a invasão de 2022 – retratando o presidente da Ucrânia como um líder ilegítimo e um mero fantoche do Ocidente. O presidente russo, que quase nunca se refere ao homólogo ucraniano pelo nome (ao invés disso, fala do “regime de Kiev”), sustenta que Zelensky sequer tem autoridade para assinar um acordo de paz, porque teria ignorado o prazo para realizar novas eleições e seria um “ditador” (o pleito marcado para este ano não ocorreu devido à lei marcial, em vigor desde o início da guerra).

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Mas a promessa de Trump de um encontro coloca Putin em uma situação difícil: rejeitar a proposta coloca em risco tensões com o presidente dos Estados Unidos, enquanto concordar com um encontro elevaria Zelensky ao status igual — que confrontaria o russo com todo o arcabouço de relações públicas que acumulou ao longo da guerra.

Enquanto outras autoridades russas descartaram Zelensky como um sujeito sem importância, indigno de atenção séria, nesta quarta, Lavrov alertou apenas que qualquer contato entre os dois líderes precisaria ser organizado “com o máximo cuidado”, evitando, como frequentemente acontece, fechar a porta completamente. Putin teria convidado o ucraniano para realizar a cúpula em Moscou, apenas porque sabia que ele recusaria pisar em território onde pode ser preso ou até assassinado.

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A questão-chave é se Trump tentará pressionar Kiev a aceitar algumas das exigências da Rússia para abrir caminho para um encontro entre os dois líderes. Moscou não deu sinal de fazer nenhuma concessão, dobrando a aposta na necessidade de remover as “causas raiz” da guerra, visão que Putin delineou em um artigo beligerante em 2021. Em resumo, foi um argumento contra a independência da Ucrânia e sua aproximação ao Ocidente, em que destacou que russos e ucranianos seriam “um só povo”, demandando que Kiev desista de aderir à Otan, se “desmilitarize” e remova Zelensky da Presidência (Moscou gostaria de ver no cargo uma figura mais maleável) — além de ceder territórios como o rico Donbas.

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