O Kremlin acusou os Estados Unidos e o Reino Unido nesta quarta-feira, 27, de terem organizado o misterioso incidente dos gasodutos Nord Stream 1 e 2, que ligavam a Rússia à Alemanha e cujas explosões no ano passado não foram solucionadas.
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A agência de notícias estatal russa Tass reportou que o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Washington e Londres estiveram “de uma forma ou de outra” envolvidos nos ataques ao sistema de transporte de gás, em 26 de setembro do ano passado.
“O que é importante aqui é que, de fato, tal ato terrorista contra infraestruturas energéticas críticas, pertencente a uma joint venture internacional, foi, obviamente, organizado de uma forma ou de outra pelos Estados Unidos da América e pelo Reino Unido. Eles estão de uma forma ou de outra envolvidos neste ato terrorista”, afirmou Peskov a repórteres.
Horas antes, a representação russa nas Nações Unidas havia dito que Alemanha, Dinamarca e Suécia protegiam os americanos em suas investigações sobre o incidente. Esta foi a acusação mais direta feita pelo governo Putin sobre o caso.
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Há um ano, explosões subaquáticas causaram graves danos ao sistema de gasodutos Nord Stream, que transportava gás natural da Rússia para a Europa. Uma equipe de investigação da Noruega, Dinamarca e Suécia, países próximos ao local do incidente, encontrou evidências sísmicas das quatro explosões no total.
Ainda não se sabe, no entanto, quem ou o que causou os danos e a possibilidade de sabotagem não foi descartada. Desde o incidente, o Kremlin vem acusando os investigadores ocidentais de tentar culpar a Rússia pelos danos. Peskov já havia dito que uma “lógica elementar” aponta que não há interesse por parte dos russos em danificar seu próprio gasoduto.
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Os líderes do Ocidente não chegaram a realizar uma acusação direta contra o governo de Vladimir Putin, mas a União Europeia já acusou a Rússia de usar seus suprimentos de gás como arma contra os países europeus por seu apoio à Ucrânia.
Quando as investigações tiveram início, o Kremlin exigiu ser incluído em qualquer processo de análise alegando que as explosões ocorreram em águas internacionais, mas o pedido foi negado pelos governos da Dinamarca e Suécia.
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O gasoduto Nord Stream 1 não transporta gás desde agosto, quando foi fechado para manutenção. Com cerca de 1.200 quilômetros de extensão, ele atravessa o Mar Báltico levando o gás da costa russa perto de São Petersburgo até o nordeste da Alemanha.
Já o Nord Stream 2 ainda estava aguardando liberação para uso quando a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro.