Uma investigação da rede de notícias britânica BBC, apoiada por especialistas das Nações Unidas (ONU), sugere que a Rússia sabotou o abastecimento de água da cidade costeira de Mykolaiv, no sul da Ucrânia. Nas últimas semanas, a infraestrutura ucraniana de energia e água tem sido alvo de ataques das forças russas, o que provocou escassez de recursos vitais em todo o país.
O corte no fornecimento de água teria ocorrido em abril, momento em que a cidade estava sob controle russo. Na ocasião uma agência de notícias ucraniana divulgou imagens que mostram canos da rede de água de Mykolaiv danificados.
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Autoridades da região disseram à BBC que a tubulação vazou por cerca de oito horas depois que foi destruída, perdendo cerca de 40 milhões de litros de água. Especialistas militares e da ONU rejeitam a hipótese de que a estrutura tenha sido atingida por ataques indiretos de mísseis, estimando que o dano foi causado pela colocação de uma carga explosiva diretamente em cima do cano, no seu ponto mais vulnerável.
Além de coletar evidências e depoimentos que indicam que o corte no fornecimento foi um ato deliberado de Moscou, a BBC também encontrou imagens de satélite mostrando forças russas nos arredores da rede de água afetada.
O governador de Mykolaiv, Vitaly Kim, informou que os russos que ocupava a área não permitiram reparos no local.
Por seis meses, casas da região ficaram sem água potável. Moradores arriscaram suas vidas em fila nas ruas perto da linha de frente da guerra para coletar água potável de caminhões-pipa.
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Autoridades em Mykolaiv dizem que a área próxima ao oleoduto precisa estar a salvo de ataques de artilharia russa e desminada antes que os engenheiros possam consertar as seções danificadas. Não está claro quando isso pode acontecer e quando os moradores da cidade terão água corrente limpa em suas casas novamente.
Nas últimas semanas, as infraestruturas de energia em toda a Ucrânia também têm sido alvo de ataques russos. Desde 10 de outubro, 30% das usinas de energia da Ucrânia foram destruídas, causando apagões maciços em todo o país, segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Diante da situação, o governo ucraniano decidiu restringir o fornecimento de energia, incluindo a iluminação pública em toda a Ucrânia das 7h às 11h, como estratégia de racionamento.
O chefe de Estado criticou a ofensiva do Kremlin, apontando que os ataques têm o objetivo de criar uma nova onda de refugiados.