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Rússia e China movimentam fichas para manter negócios com o Irã

Apesar do desejo de Trump de isolar economicamente Teerã, Moscou e Pequim fortalecem relações com Irã, enquanto empresas europeias saem do país

Por Da Redação
17 Maio 2018, 14h15

Rússia e China avançaram seus peões nesta quinta-feira (17) para continuar fazendo negócios com o Irã, apesar do desejo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de isolar economicamente o país. A União Europeia, por sua vez, parecia não ter soluções concretas para manter o lucrativo mercado.

A retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, acompanhada pelo retorno das ​​sanções americanas, fez surgir riscos financeiros consideráveis ​​para as empresas que desejavam investir na República Islâmica.

Enquanto as multinacionais ocidentais começam a tirar suas cartas do jogo, a Rússia, aliada de Teerã que manteve os laços comerciais quando as sanções ocidentais estavam em vigor, deu um passo importante para aproximar o Irã de sua zona de influência econômica.

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A União Econômica Euroasiática, uma aliança liderada por Moscou e integrada por várias ex-repúblicas soviéticas, assinou um acordo preliminar para a criação de uma zona de livre-comércio com o Irã, segundo anunciou o Ministério da Economia do Cazaquistão.

Esse acordo estava em preparação desde 2016, bem antes da retirada dos Estados Unidos. Isso mostra que a Rússia, assim como a China, pretende fortalecer suas relações comerciais com Teerã, apesar da retomada das sanções econômicas de Washington.

A Rússia condenou o anúncio de Donald Trump e está buscando, junto com os europeus, salvar o acordo nuclear. A aliança com Teerã permite que suas empresas estejam bem posicionadas para continuar negociando com o Irã, especialmente porque seus concorrentes ocidentais terão dificuldades para continuar suas atividades, apesar dos investimentos significativos.

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Os russos, cujas relações com o Ocidente já estão em seu nível mais baixo das últimas décadas e que estão acostumados a fazer negócios em um ambiente de sanções econômicas, não devem ter medo de frustrar Washington.

China

A China, maior parceira comercial de Teerã, também planeja contornar as sanções americanas para reforçar seus investimentos no Irã. Corre o risco de agravar as relações com Washington, já tensas desde a introdução de tarifas pelos Estados Unidos sobre o aço e o alumínio.

Assim, diante da provável retirada da francesa Total de um projeto de desenvolvimento do vasto campo de gás iraniano Pars Sud, o Irã imediatamente avisou que a substituiria pela gigante chinesa da energia CNPC, parceiro da Total neste contrato de 4,8 bilhões de dólares.

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A retirada da Total “é um revés para a União Europeia, que quer manter o acordo” com os outros signatários, comentou Jasper Lawler, analista do London Capital Group.

Um anúncio feito nesta quinta-feira pelo grupo dinamarquês Maersk Tankers de transporte de energia indica que a empresa também vai encerrar suas atividades no Irã. O episódio parece um prenúncio da saída em cascata de empresas europeias, que temem fortes represálias americanas.

Europa à mercê

O Irã se comprometeu em 2015 com o grupo de potências 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) a suspender seu programa nuclear até 2025, em troca da suspensão das sanções internacionais.

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Os europeus, que veem um mercado de bilhões escapar de suas mãos, tentam contornar as sanções americanas, mas soluções concretas parecem difíceis de serem implementadas.

“Trabalharemos para manter a estrutura do acordo de 2015, independente das decisões dos Estados Unidos. Mas de maneira muito concreta, cumprindo nosso compromisso político, permitindo que nossas empresas permaneçam lá e também levando todas as partes a continuar as negociações sobre um acordo mais amplo”, declarou o presidente francês Emmanuel Macron em Sófia, na Bulgária, onde os líderes europeus estão reunidos.

“Todos na União Europeia concordam que o acordo (nuclear do Irã) não é perfeito, mas que nós ainda devemos permanecer neste acordo e realizar negociações adicionais”, acrescentou a chanceler alemã Angela Merkel, também em Sófia.

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As grandes empresas alemãs presentes no Irã parecem, no momento, preferir a cautela. Na linha de frente, a Siemens, que havia relançado suas operações no Irã após o levantamento das sanções com suas turbinas a gás, mantém essa posição de espera, assim como a Volkswagen, Daimler e Henkel igualmente presentes, em menor escala, no Irã.

“Seja sobre as tarifas do aço e do alumínio ou nas penalidades extraterritoriais, a ironia da história é que Donald Trump penaliza seus aliados mais próximos, os países europeus, incluindo a França, e favorece a China”, considerou o ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, no jornal Le Figaro.

(Com AFP)

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