Rússia e Estados Unidos se manifestaram, de maneiras opostas, sobre os confrontos na Venezuela neste domingo, 5. O ministro das relações exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, pediu “aos americanos, e a todos que os apoiam, que abandonem seus planos irresponsáveis” no país sul-americano. A afirmação veio como resposta ao secretário de estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, que mais cedo, disse, em uma nova advertência a Moscou, que os aliados próximos do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, “devem deixar” a Venezuela.
Em entrevista à amissora ABC, Pompeo disse que “os russos devem partir” e enfatizou: “Todos os países que interferem no direito do povo venezuelano de restaurar sua democracia devem sair”. O secretário indicou que vai realizar “mais conversas” sobre a presença da Rússia em Caracas com Lavrov, com quem se encontrará “em poucos dias”, à margem de uma reunião na Finlândia. “O objetivo é muito claro”, disse ele. “Queremos que os iranianos, os russos e os cubanos saiam”.
Lavrov, por sua vez, pediu aos Estados Unidos que “abandonem seus planos irresponsáveis” na Venezuela. “Pedimos aos americanos, e a todos que os apoiam, que abandonem seus planos irresponsáveis e atuem exclusivamente dentro da estrutura do direito internacional”, declarou o chanceler no início de uma reunião em Moscou com seu colega venezuelano, Jorge Arreaza. “Estamos testemunhando uma campanha sem precedentes dos Estados Unidos para derrubar as autoridades legítimas da Venezuela”, completou o ministro russo.
O regime de Nicolás Maduro aliou-se ao governo de Vladimir Putin, presidente da Rússia, que se tornou sua última fonte de financiamento e de apoio militar. Em março, os russos enviaram aviões e soldados para a Venezuela, sob o argumento de conduzir projeto de cooperação.
A tensão aumentou na Venezuela quando, na terça-feira, 30, o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, anunciou, que possuía apoio das Forças Armadas para derrubar o regime de Nicolás Maduro. Não demorou muito e a população foi chamada para se manifestar contra o governo. O objetivo, no entanto, não foi alcançado.
Guaidó, reconheceu em entrevista ao jornal americano Washington Post, no sábado,4, que a oposição ao regime ditatorial de Nicolás Maduro superestimou o apoio que tinha nas dissidências chavistas. “Talvez ainda precisemos de mais soldados, e talvez precisemos de mais funcionários do regime dispostos a apoiar a Constituição”, afirmou.
O autoproclamado presidente interino também reconheceu “erros” na ação para derrubar Maduro, que se intensificaram desde terça-feira 30. “O fato de termos feito o que fizemos, sem sucesso num primeiro momento, não quer dizer que não foi válido”, diz ele. “Nós estamos confrontando um muro que é a ditadura. Nós reconhecemos nossos erros — o que não fizemos, e o que fizemos demais.”
(Com AFP)