A principal diplomata dos Estados Unidos, Wendy Sherman, e o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Ryabkov, se encontraram nesta segunda-feira (10) para debater a crise na Ucrânia, em meio ao aumento das tropas russas próximas a fronteira.
A reunião durou mais de oito horas em Genebra, na Suíça. Segundo o Kremlin, não existem planos de invasão.
“Não há razão para temer algum tipo de cenário de escalada”, disse Sergei Ryabkov.
“As negociações foram difíceis, longas (…). Temos a sensação de que o lado americano levou as propostas russas muito a sério e as estudou profundamente”, acrescentou.
As conversas ocorrem após meses de tensão entre os países, e se agravaram depois que milhares de soldados russos se concentraram próximo a fronteira Ucrânia-Rússia.
Moscou exigiu que a OTAN não se expanda mais para o leste europeu e que não aceite a Ucrânia como país membro.
“Não permitiremos que ninguém feche a política de portas abertas da OTAN, que sempre foi fundamental para a aliança da OTAN. Não abriremos mão da cooperação bilateral com Estados soberanos que desejam trabalhar com os Estados Unidos. E não vamos tomar decisões sobre a Ucrânia sem a Ucrânia, sobre a Europa sem Europa ou sobre a OTAN sem OTAN”, disse Sherman, em teleconferência com repórteres.
Sherman também afirmou que o encontro desta segunda-feira foi a primeira possibilidade de entender melhor a posição da Rússia, mas ainda “não foi o que chamaríamos de negociação.”
Os líderes discutiram também a possibilidade de reviver o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, que os Estados Unidos abandonaram em 2019, após anos acusando a Rússia de violar seus termos.
As negociações ainda vão ocorrer durante toda a semana na Europa, uma vez que a comunidade internacional está acompanhando de perto o impasse entre Ucrânia e Rússia.
A principal demanda das potências ocidentais giram das “garantias de segurança” que Putin fez em uma notável ofensiva diplomática no final do ano passado.
Os acordos propostos pela Rússia restabeleceriam uma influência russa no que era antigamente a União Soviética.
“Não fomos lá e revisamos o tratado que eles colocaram na mesa”, disse Sherman.
A Rússia insiste que suas demandas vão muito além do controle de armas e envolvem um redesenho total do mapa de segurança da Europa, que o Kremlin afirma que o Ocidente impôs a uma Rússia fraca após o colapso da União Soviética.
No mês passado, Putin falou que estava preparado para recorrer a meios militares para atingir seus objetivos, caso não conseguisse de outra forma.