Rússia pagou influencers para interferir na corrida pela Casa Branca, dizem EUA
Segundo procurador-geral, o Kremlin instruiu agências russas a adquirir domínios de sites e criar veículos de notícias falsos para enganar eleitores americanos
O governo Biden acusou nesta quarta-feira, 4, a Rússia de orquestrar uma campanha de desinformação para influenciar as eleições presidenciais dos EUA de 2024. A acusação afirma que a Rússia usou influenciadores e pagou por anúncios em redes sociais para redirecionar tráfego a sites manipulados, além de criar perfis falsos se passando por cidadãos americanos. A campanha, financiada pelo Estado e veiculada através da RT (anteriormente Russia Today) e outros veículos de mídia estatais russos, visava promover visões pró-Kremlin.
O Departamento do Tesouro impôs sanções à editora-chefe da RT, Margarita Simonyan, e a outros nove funcionários da rede, classificando Simonyan como uma “figura central nos esforços de influência maliciosa do governo russo”.
O procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, condenou a campanha durante uma reunião da força-tarefa de ameaças eleitorais do Departamento de Justiça, com a presença do diretor do FBI, Christopher Wray. Garland anunciou que os EUA processarão dois funcionários da RT por lavagem de dinheiro e violações da Lei de Registro de Agentes Estrangeiros, destacando que a RT foi designada como agente estrangeira nos EUA em 2017.
De acordo com Garland, o Kremlin instruiu agências russas a adquirir domínios de sites e criar veículos de notícias falsificados, como Fox News e Washington Post, para enganar eleitores americanos e levá-los a consumir conteúdo pró-Kremlin. “Um documento interno do Kremlin revela que a campanha visa assegurar um resultado favorável à Rússia nas eleições”, afirmou.
Em resposta, a administração Biden anunciou medidas para enfrentar a influência russa, incluindo a limitação de vistos para funcionários da mídia estatal russa e a designação da Rossiya Segodnya como uma missão estrangeira do Kremlin, exigindo maior transparência sobre seus funcionários e propriedades nos EUA. Além disso, foi oferecida uma recompensa de até US$ 10 milhões por informações sobre interferência estrangeira em eleições americanas.
“Sabemos que a RT contratou uma empresa para pagar milhões de dólares a americanos desavisados para propagar a mensagem do Kremlin e minar a democracia”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller.
Essas acusações surgem um mês depois de a Casa Branca ter acusado o Irã de uma tentativa de interferência eleitoral, incluindo um hack na campanha de Donald Trump, que resultou no vazamento de registros de campanha para veículos como o New York Times e o Washington Post.