Rússia pode ter acessado dados vazados de usuários do Facebook
Comissão britânica acredita que russos possam ter usado dados fornecidos pela Cambridge Analytica para influenciar eleição de Donald Trump em 2016
Os dados de 87 milhões de usuários que foram coletados pela Cambridge Analytica podem ter sido acessados pelo governo da Rússia. A informação faz parte da investigação do Escritório do Comissariado da Informação (ICO, na sigla em inglês), órgão regulador de proteção de dados do Reino Unido, que teve início em março deste ano.
O parlamentar britânico que lidera a investigação do ICO afirmou à emissora americana CNN que o órgão encontrou evidências de que as informações foram acessadas pela Rússia e outros países. As investigações estão focadas agora em saber a quais dados os russos tiveram acesso. “Nós queremos saber se eles poderiam pegar alguns desses dados e usá-los para qualquer coisa que quisessem fazer”, disse Damian Collins.
O órgão disse ainda que pode ter sido possível que os russos tenham usado as informações coletadas pela Cambridge Analytica para direcionar os anúncios publicados nos Estados Unidos durante a eleição presidencial de 2016.
O Facebook envolveu-se em um escândalo sobre os dados de seus usuários após o jornal The New York Times revelar que a Cambridge Analytica, consultoria que participou da campanha de Donald Trump, obteve dados de 87 milhões de usuários. A companhia afirma não ter feito nada de ilegal.
Aleksandr Kogan, criador do aplicativo This is Your Digital Life (Essa é a sua vida digital, na tradução livre do inglês) usado para coletar os dados no Facebook e vender para a Cambridge Analytica, negou que tenha repassado as informações aos russos. “Porém, eu não sei o que poderia ter acontecido com os dados depois que entreguei à Cambridge Analytica”, disse o pesquisador à CNN.
Na semana passada, a ICO anunciou que propôs uma ação criminal contra a SCL Elections Ltd, a empresa controladora da Cambridge Analytica. O órgão também informou que pretende multar o Facebook em 500.000 libras (2,5 milhões de reais) por violar duas leis de Proteção de Dados de 1998.
A preocupação com a interferência russa nas eleições americanas não é de hoje. O Twitter já identificou que mais de 50.000 robôs virtuais, controlados por russos, fizeram uma campanha para favorecer o então candidato Donald Trump durante as eleições dos Estados Unidos.
Na ocasião, eles retuitaram mensagens publicadas por Trump na rede social quase 500.000 vezes, segundo o Twitter, inflando um engajamento do candidato.
No Facebook, o uso de robôs virtuais também foi usado por russos para tentar influenciar eleitores nos Estados Unidos.
(Com Estadão Conteúdo)