O líder do partido de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, convocou manifestações contra a recém-formada aliança entre o partido antissistema Movimento 5-Estrelas (M5S) e o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, acusando o novo governo de ter nascido “das sombras em Bruxelas“.
Salvini marcou as manifestações para o dia 19 de outubro em Roma, considerando que será um “dia pacífico para o orgulho italiano”, e de marcha contra um possível governo de centro-esquerda. Até o dia 19, Salvini irá liderar diversas manifestações menores em outras cidades.
“Eu não estou bravo por causa dos meus interesses pessoais, estou bravo porque há uma usurpação da democracia acontecendo agora”, disse ele em um discurso transmitido pelo Facebook.
Salvini também acusou Bruxelas, sede da União Europeia, e Berlim de terem conspirado com o governo italiano para a Liga ser jogada para a oposição. O líder da Liga é um dos mais ferrenhos críticos da União Europeia e da permanência da Itália na união monetária (euro). “Mas eles não vão se livrar tão facilmente de Salvini e dos apoiadores da Liga”, disse.
A crise política se instaurou no país após Salvini ter rompido a coalizão da Liga com o M5S para tentar forçar novas eleições, nas quais esperava conseguir aumentar o número de cadeiras para seu partido e se tornar primeiro-ministro. Seu plano não deu certo.
Ao romper com o antigo aliado, o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, apresentou sua renúncia e acusou Salvini de ser perigoso, autoritário e um oportunista, que se preocupava mais com seu sucesso na política do que com o país.
O presidente italiano, Sergio Mattarella, recusou-se a convocar imediatamente as eleições, como queria Salvini, e iniciou negociações com o Parlamento e as lideranças do PD e do M5S para a formação de uma nova coalizão. Uma vez formada, Mattarella deu a Conte a chance de formar um novo governo e evitar eleições antecipadas.
O M5S e o PD têm até a próxima semana para constituírem um novo gabinete ministerial. Caso consigam, não haverá novas eleições, e Salvini deixará o cargo de Ministro do Interior e irá para “uma oposição saudável”, como afirmou.
Com um governo formado, Conte poderá colocar o orçamento do país para 2020 em votação no Parlamento – algo que era contestado pelo eurocético Salvini que acredita haver ingerência da Europa na política interna italiana. Novas eleições poderiam travar a votação do orçamento, e o país ficaria paralisado.