Secretário de Justiça se recusou a defender Trump em caso Ucrânia
Presidente americano pediu que Departamento de Justiça atestasse legalidade de sua conversa telefônica com o presidente Vladimir Zelensky
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu que o secretário de Justiça, William Barr, atestasse publicamente que sua conversa telefônica com o líder ucraniano, Vladimir Zelensky, em junho deste ano, não violou nenhuma lei americana, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira, 7, pelo jornal The Washington Post. Barr negou o pedido do republicano.
O Post ouviu funcionários do Departamento de Justiça em condição de anonimato. Segundo essas fontes, o pedido do presidente veio ao mesmo tempo em que a Casa Branca liberou a transcrição da ligação entre Trump e Zelensky em setembro. Na conversa, o americano pressionou o líder da Ucrânia a abrir uma investigação contra o ex-vice-presidente, e seu principal rival nas próximas eleições, Joe Biden.
Ainda de acordo com a reportagem, Barr deixou claro para sua equipe que não aceitaria o pedido de Trump ou faria parte de qualquer plano que o presidente estivesse tramando.
Na transcrição da conversa de junho entre Trump e Zelensky, o americano pede que o presidente da Ucrânia trabalhe ao lado de Barr para conduzir as investigações contra Joe Biden e seu filho, Hunter. O Departamento de Justiça, contudo, alega que Trump e Barr nunca conversaram sobre o assunto.
“O presidente não conversou com o secretário de Justiça sobre ajudar a Ucrânia a investigar qualquer coisa relacionada ao ex-vice-presidente Biden ou seu filho”, declarou o porta-voz Kerru Kupec em um comunicado à imprensa no dia da divulgação da transcrição. “O presidente não pediu ao secretário que contatasse a Ucrânia — neste ou em qualquer outro assunto. O secretário não entrou em contato com a Ucrânia — neste ou em qualquer outro tópico”.
“Ele (Barr) sabe os parâmetros que separam a relação entre o presidente e o secretário de Justiça”, disse um funcionário do departamento ao Post.
A relação de Trump e o atual secretário de Justiça se mostra mais tranquila do que a com seu antecessor, o ex-secretário Jeff Sessions. O presidente considerava Sessions um “traidor” e o demitiu em novembro de 2018
O ex-secretário demonstrou fidelidade ao abordar questões como a de imigração. Mas acabou punido por não ter travado as investigações do procurador Robert Mueller sobre a interferência da Rússia na sua eleição.
A ligação entre Trump e Zelensky motivou a abertura de um inquérito de impeachment contra o presidente pelos democratas da Câmara dos Deputados. Desde então, várias testemunhas foram ouvidas a portas fechadas.
A transcrição dos depoimentos começaram a ser liberados pelo Comitê de Inteligência na semana passada. A partir da próxima semana, as testemunhas farão depoimentos públicos.