Autoridades do Mediterrâneo emitiram alertas nesta terça-feira, 18, para que a população local e turistas permaneçam em casa durante as horas mais quentes do dia, em meio à segunda onda de calor em duas semanas atinge a região. Enquanto isso, Grécia, Espanha e Suíça lutam contra incêndios florestais.
Várias partes do sul da Europa estão enfrentando uma nova onda de calor, amplificada pelas mudanças climáticas, que deve durar dias. A agência meteorológica das Nações Unidas disse que as temperaturas na Europa podem quebrar o recorde de 48,8°C, estabelecido na Sicília há dois anos, e especialistas alertaram que o calor pode provocar mortes.
Na Itália, as equipes da Cruz Vermelha estão verificando a saúde dos idosos por telefone, enquanto o governo de Portugal usou as redes sociais para pedir que a população não deixe animais de estimação ou crianças em carros estacionados. Na Grécia, voluntários distribuem água potável e, na Espanha, autoridades orientaram habitantes a se protegerem da inalação de fumaça dos incêndios.
No Chipre, as autoridades de saúde confirmaram que um homem de 90 anos morreu no fim de semana de insolação, enquanto outros seis idosos foram hospitalizados. Todas as sete vítimas sofreram insolação em suas próprias casas, quando as temperaturas ultrapassaram 43°C.
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“As ondas de calor são realmente um assassino invisível”, disse Panu Saaristo, líder da equipe de emergência da unidade de saúde da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. “Estamos vivenciando temperaturas cada vez mais quentes por longos períodos de tempo a cada verão aqui na Europa.”
No mês passado, a Terra registrou o junho mais quente da história, e cientistas dizem que há uma boa chance de que 2023 seja o ano mais quente já registrado, superando medições do século XIX. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM) das Nações Unidas, os principais culpados disso são as temperaturas sem precedentes da superfície do mar e os baixos níveis de gelo marinho do Ártico.
A mudança climática causada pela queima de combustíveis fósseis está tornando o mundo mais quente e, neste ano, foi amplificada pelo fenômeno climático El Niño, que chegou recentemente e deve atingir o pico até o fim do ano.
Temperaturas acima de 40°C são previstas não só para o Mediterrâneo, mas em toda a América do Norte, Ásia e Norte da África. Autoridades de saúde italianas já alertaram sobre temperaturas extremas em 23 cidades que vão de de Bolzano, no norte, a Palermo, no sul.
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A segunda onda de calor deve chegar com mais força na Grécia na próxima quinta-feira, 20. O país também está sofrendo com três grandes incêndios florestais pelo segundo dia.
Nesta terça-feira, 18, milhares de pessoas que fugiram das áreas costeiras ao sul da capital Atenas voltaram para suas casas quando o fogo finalmente diminuiu. Elas passaram a noite em praias, hotéis e abrigos públicos. Enquanto isso, incêndios florestais continuam fora de controle no norte e no oeste da cidade.
Na semana passada, autoridades gregas ordenaram o fechamento da Acrópole e de outros locais turísticos durante a tarde, para proteger turistas e trabalhadores. Temperaturas de até 44°C são esperadas em partes do centro e sul da Grécia até o final da semana.
A maior parte da Espanha também está sob alerta de calor extremo, e termômetros devem bater os 43°C em áreas ao longo do rio Ebro, no nordeste, e na ilha de Maiorca. Além disso, o país lida com uma seca prolongada que aumentou as preocupações com o risco de incêndios florestais.
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Cerca de 400 bombeiros, auxiliados por nove aviões de despejo de água, ainda atuam para extinguir um incêndio florestal que atinge La Palma, nas Ilhas Canárias, pelo quarto dia seguido. As autoridades fecharam um perímetro em torno do fogo.
As chamas também afetam uma montanha na região sudoeste de Wallis, na Suíça, onde atuam 150 bombeiros, policiais, militares e outras equipes de emergência apoiadas por helicópteros. Moradores de quatro aldeias da região foram retirados da área.
Especialistas em clima alertam que, desde a década de 1980, ondas de calor simultâneas tiveram um aumento de seis vezes “e a tendência não está mudando”.
“Estes não são os sistemas climáticos normais do passado. Eles chegaram como consequência da mudança climática”, disse John Nairn, consultor sênior de calor extremo da OMM. “É o aquecimento global e vai continuar por algum tempo.”