Seis países da UE vão receber imigrantes de navio atracado na Itália
O ministro italiano Matteo Salvini, de extrema direita, se confronta com a Justiça para impedir o desembarque dos 150 imigrantes
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, disse nesta quinta-feira, 15, que seis países da União Europeia concordaram em receber os cerca de 150 imigrantes do navio Open Arms. A Justiça da Itália havia autorizado, na quarta-feira 14, a atracagem da embarcação no porto da ilha italiana de Lampedusa.
“França, Alemanha, Romênia, Portugal, Espanha e Luxemburgo acabam de informar que estão dispostos a receber os imigrantes”, escreveu Conte, em uma carta aberta dirigida ao ministro italiano do Interior e líder do partido Liga Norte, Matteo Salvini, de extrema direita.
A proximidade do navio, que recolhera imigrantes no Mar Mediterrâneo, causou atrito dentro do próprio governo italiano. Autor da atual política anti-imigratória do país, Salvini deixara a embarcação em alto-mar, sem autorização para desembarque nos portos italianos, desde o início de agosto.
Mesmo depois da decisão judicial, Salvini emitiu uma ordem de emergência para impedir o Open Arms de atracar. Mas a ministra da Defesa, Elisabetta Trenta, não acatou sua ordem, dizendo que desafiar o tribunal era ilegal e que “a política não pode perder sua humanidade”.
Trenta faz parte do partido Movimento 5 Estrelas, no qual Conte também é filiado. O partido era coligado com o Liga Norte até Salvini romper a aliança e iniciar uma campanha pedindo novas eleições – iniciativa considerada como tentativa de golpe.
Não é a primeira vez que Salvini proíbe a atracagem de um navio com imigrantes resgatados no Mar Mediterrâneo em portos italianos. No início de julho, uma embarcação humanitária da organização Sea Watch atracou no porto de Lampadusa após negar-se a acatar as ordens das autoridades. Sua capitã, a alemã Carola Rackete, foi presa logo em seguida, mas solta dias depois devido a repercussão do caso.
(com Reuters)