O presidente da Argentina, Javier Milei, se encontrou neste domingo, 7, com empresários da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), durante uma visita a Balneário Camboriú para comparecer à CPAC Brasil. O fórum conservador, cuja edição brasileira foi fundada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), é o mesmo ao qual o chefe da Casa Rosada compareceu nos Estados Unidos, no início do ano, onde reuniu-se com o ex-presidente americano Donald Trump.
Milei deve palestrar neste domingo, segundo dia do evento, às 16h. Antes disso, terá uma bilateral com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e já se reuniu com os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (Partido Liberal).
Nesta manhã, no encontro com os empresários, estavam presentes representantes do Grupo Tigre, FARBEN Tintas, Grupo DASS e Exportações AURORA , da XP Investimentos, e da Etesco Ltda, segundo comunicado do gabinete presidencial argentino no X, antigo Twitter.
Também estiveram presentes na reunião o ex-presidente Bolsonaro, bem como Eduardo, seu filho 03 e amigo pessoal de Milei, Jorginho Mello e funcionários do governo argentino e catarinense.
Acompanham Milei em sua primeira visita ao Brasil o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, e o ministro da Defesa argentino, Luis Petri. Ambos também têm palestras programadas na CPAC.
Ausência no Mercosul
Para participar da CPAC, Milei vai faltar a uma cúpula do Mercosul, bloco que inclui Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, que ocorrerá em Assunção na segunda-feira, 8. Além disso, ele não marcou agenda oficial com seu homólogo, Luiz Inácio Lula da Silva, na primeira passagem pelo Brasil.
Milei e Lula nunca se encontraram diretamente. Atualmente, além disso, aumentaram a escala de uma contínua briga entre os líderes vizinhos.
Em postagem no X intitulada “Dinossauro perfeitamente idiota”, Milei defendeu nesta terça-feira 3 suas críticas anteriores a Lula, a quem voltou a chamar de “corrupto” e “comunista”. Ele também acusou o petista de “interferência” na corrida presidencial argentina de 2023. O argentino, porém, não especificou o nome a quem se refere como dinossauro.
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Durantes as eleições presidenciais argentinas, a família Bolsonaro apoiou a candidatura de Milei, com quem também manteve reuniões presenciais e virtuais no período. Além disso, o mandatário argentino também convidou Jair Bolsonaro para sua cerimônia de posse. Enquanto isso, Lula apoiou o ex-ministro da Economia, o peronista Sergio Massa, no pleito e não compareceu à posse de Milei.
Relações difíceis
Depois de uma melhora de relacionamento entre Brasil e Argentina, o encontro de Milei com Bolsonaro e a ausência do mandatário na cúpula do Mercosul podem representar uma piora das relações bilaterais entre os dois países.
Na semana passada, Lula disse acreditar que Milei deve a ele e aos brasileiros um pedido de desculpas por ter dito “um monte de coisas estúpidas” sobre o Brasil, principal parceiro comercial da Argentina. Em uma declaração em entrevista ao UOL sobre a repatriação de 180 brasileiros foragidos por envolvimento nos atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023, Lula afirmou que tenta lidar com a situação da “forma mais diplomática possível”, mas que ainda não tinha conversado com Milei.
Em resposta, o argentino se recusou a pedir perdão ao homólogo brasileiro e o descreveu como um “canhoto” com “ego inflado”. O imbróglio ocorreu após a Polícia Federal pedir a extradição de foragidos do ataque de 8 de Janeiro que pediram asilo político à Argentina.