O Senado dos Estados Unidos derrubou, nesta quinta-feira 14, o pedido de emergência do presidente Donald Trump para a liberação de verbas para construir o muro na fronteira com o México, um voto possível graças à traição de alguns republicanos.
A decisão da Casa foi um duro golpe para Trump, já que uma dezena de membros do seu próprio partido foram contra sua proposta. Após saber da derrota, o dirigente prometeu que irá impor seu poder de veto contra o resultado.
Na votação no Senado, onde os republicanos são a maioria com 53 cadeiras contra 47 da oposição, mais de uma dezena de senadores do partido de Trump se colocou ao lado dos democratas mantendo a decisão emitida pela Câmara dos Representantes.
Um punhado de republicanos expressaram publicamente que votaria com os democratas, mas na hora da verdade foram 12 os que se alinharam à oposição, mas o resultado final da votação foi de 59 votos a favor e 41 contra.
Trump não perdeu tempo e em minutos publicou uma mensagem em sua conta no Twitter, que dizia: “veto”. Exceto se Trump perder mais apoio dentro do próprio partido, o ceto presidencial se imporia, pois para derrubá-lo são necessárias maiorias de dois terços.
“Não serpa revogada e especialistas em legislação dizem que é totalmente constitucional”< disse Trump aos jornalistas na Casa Branca.
Fiéis a Trump
Os republicanos que votaram contra consideram que, com esta medida, Trump pisoteia os poderes do Congresso.
O ex-candidato à Presidência em 2012, Mitt Romney, disse ter votado “a favor da Constituição”.
Entre os rebeldes também estão as moderadas Susan Collins e Lisa Murkowski, que já votaram no passado com os democratas, que habitualmente se desmarca da posição republicana.
Mais surpresa provocaram vários congressistas leais a Trump, que se arriscaram a despertar a ira presidencial: Roy Blunt, Mike Lee, Jerry Moran e Roger Wicker.
“Compartilho o objetivo do presidente Trump de fortalecer nossas fronteiras, mas não posso apoiar a expansão dos poderes da Presidência para além dos limites constitucionais”, disse Moran.
Trump insiste em que esta estratégia lhe permite evitar passar pelo Congresso e redistribuir bilhões de dólares com outra destinação, incluindo dinheiro para construir ou reformar instalações militares.
Os democratas e alguns republicanos protestaram afirmando que é o Congresso que deve constitucionalmente controlar a gestão financeira do governo e que declarar emergência para ter acesso a recursos para erguer o muro fronteiriço é um abuso flagrante de autoridade.
Um setor dos republicanos tentou frear a debandada forjando um acordo na quarta-feira para limitar os poderes presidenciais associados a esta declaração de emergência, pero Trump se negou e adotou uma estratégia de confronto.
“Não votem com (Nancy) Pelosi!”, disse nesta quinta-feira no Twitter em referência à presidente da Câmara de Representantes e principal figura da oposição que tramitou o projeto contra a declaração de emergência.
“Farsa”
Pelosi disse que o Congresso se pronunciou com uma contundência avassaladora para rejeitar o esforço do presidente Trump para ignorar a Constituição com a farsa de uma declaração de emergência.
O presidente já tinha advertido que usaria pela primeira vez seu poder de veto para frear o projeto.
“Estou preparado para vetá-lo, se for necessário”, escreveu o magnata na sua conta pessoal no Twitter. “A fronteira sul é um pesadelo humanitário e para a segurança nacional, mas é algo que se pode consertar facilmente!”, acrescentou.
Antes da votação, o líder da bancada republicana no Senado, Mitch McConnell, havia expressado seu apoio à estratégia presidencial justificando que o sistema de segurança fronteiriça está “em um ponto de ruptura”, numa tentativa de convencer seus correligionários rebeldes a não votar com a oposição.
Ao tomar conhecimento da declaração de McConnell, o líder dos Democratas na casa, Chuck Schumer, afirmou que tudo não passava de uma obra de puro “ressentimento”.
“É nosso trabalho aqui no Congresso impedir que o Executivo extrapole seus limites”, afirmou Schumer, acrescentando que esta votação entraria para a história.
Em meio às tentativas de busca de apoio nos corredores do Capitólio, a Casa Branca apresentou na segunda-feira um projeto de orçamento para 2020 que inclui 8,6 bilhões de dólares para a construção do muro, um valor muito acima dos 5,7 bilhões que havia pedido inicialmente neste ano.
É pouco possível que essa iniciativa passe, pois o Congresso havia rechaçado a liberação dos 5,7 bilhões de dólares na amarga luta que deixou o governo paralisado por mais de um mês, encaminhando apenas 1,375 bilhões de dólares para construir a barreira num trecho de 55 quilômetros no Texas.
Esta é a segunda derrota do governo no Senado em menos de 24 horas, já que na véspera os legisladores votaram contra a participação dos Estados Unidos no conflito no Iêmen.