Em seu primeiro grande discurso sobre segurança na fronteira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou, nesta quinta-feira, 5, que vai utilizar restrições da era de Donald Trump para expulsar com mais rapidez os imigrantes cubanos, haitianos e nicaraguenses que cruzaram as fronteiras ilegalmente.
Ao mesmo tempo que as medidas restritivas são ampliadas para conter a pressão da crise imigratória no país, Biden também vai permitir que 30 mil pessoas destes três países, mais a Venezuela, entrem por vias aéreas no país a cada mês. Elas serão aceitas caso possam comprovar que possuem condições de viver no país, seja porque conseguiram emprego ou porque têm ajuda de instituições.
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A abordagem foi feita para conter as críticas de ambos os lados. De um lado, os republicanos atacam Biden pelo Estados Unidos terem batido o número recorde de imigrantes ilegais em 2022, cerca de 2,76 milhões de pessoas, segundo a Alfândega e Proteção de Fronteiras. Do outro, os democratas defendem que as restrições do “Título 42” adotadas pelo ex-presidente Donald Trump impedem os imigrantes de exercerem o direito de pedir asilo.
A crise migratória foi um tema que assombrou o país em 2022. No início de outubro, o prefeito de Nova York, Eric Adams, decretou estado de emergência depois que 17 mil migrantes foram enviados pelo governo republicano de Texas, comandado por Greg Abbott. Já em novembro, segundo dados do governo estadunidense, 82 mil imigrantes que tentavam entrar no país pelo México foram encontrados por autoridades de fronteira dos EUA.
A ideia de Biden é endurecer as punições contra casos de migração irregular e ao mesmo tempo ampliar o “Título 42”, uma lei que autoriza autoridades federais de saúde a proibir entrada de imigrantes caso seja determinado que isso poderia impedir a propagação de doenças, medida que foi validada pela Suprema Corte. À agência de notícias Reuters, uma autoridade do alto escalão afirmou que os imigrantes que não podem ser expulsos de volta ao México serão submetidos a um rápido processo de deportação conhecido como “remoção acelerada”.
O plano é uma tentativa de impedir que os números recorde de atravessadores de fronteiras aumentem, e assim enfrentar o desafio político e humanitário que tem perseguido o democrata desde que ele assumiu o cargo, em 2021.
“Este novo processo é ordenado, seguro e humano”, disse Biden em discurso na Casa Branca. “Não apareçam apenas na fronteira.”, acrescentou o democrata direcionando sua mensagem para os imigrantes de Cuba, Nicarágua e Haiti.
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Os republicanos rejeitaram as propostas anteriores de Biden para a reforma da imigração ou novos financiamentos no Congresso. “Essas ações sozinhas não vão consertar todo o nosso sistema de imigração”, disse Biden, mas podem “ajudar bastante”.
Atualmente, o governo dos EUA pode usar os recursos existentes para deportar imigrantes e processar requerentes de asilo. No entanto, autoridades americanas argumentaram que o sistema será desacelerado até que o Congresso aprove fundos para mais recursos. De acordo com Biden, não há “juízes de imigração suficientes para julgar as reivindicações”
Biden também comunicou que visitará El Paso, no Texas, neste domingo, 8, em sua primeira viagem à fronteira com o México desde que assumiu o cargo. A cidade, que é um reduto democrata no estado e tem uma histórico de receber amigavelmente os imigrantes, tem lutado nos últimos meses para lidar com as milhares de pessoas que atravessaram a fronteira sem permissão.
O democrata também vai viajar para a Cidade do México no dia 10 de janeiro para uma cúpula com o presidente mexicano, Andrés Manuel Lopez Obrador, e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.
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De acordo com o governo mexicano, os Estados Unidos tem respondido “positivamente” aos pedidos de expandir oportunidades de trabalho e humanitária para os imigrantes que já estão no país.
Caso os pedidos de acesso humanitário sejam preenchidos, totalizando 360 mil pessoas em 2023, isso representaria um aumento nas oportunidades de trabalho dos EUA para migrantes nos últimos anos, comunicou o México.
Diversos legisladores democratas, como o senador Bob Menendez, criticaram a expansão dessas políticas. Para ele, essa nova medida é “uma relíquia desastrosa e desumana da agenda racista de imigração do governo Trump