Subiu para 21 o total de mortes em hospitais da Venezuela desde o início do blecaute que atingiu o país na quinta-feira 7, informou a organização não governamental Médicos pela Saúde nesta segunda-feira, 11. Há cinco anos, a entidade registra as deficiências em 40 grandes hospitais venezuelanos provocadas especialmente pela escassez de remédios e de materiais médicos.
O médico Julio Castro, porta-voz da organização, divulgou no Twitter uma lista de mortes registradas até às 21h (22h em Brasília) de domingo. O governo de Nicolás Maduro nega as informações.
De acordo com a ONG, só no Hospital Manuel Núñez Tovar de Maturín, no estado de Monagas, no leste do país, 15 pessoas morreram em função das falhas no fornecimento de energia. Em Caracas, quatro recém-nascidos não resistiram ao apagão e também faleceram.
Em Maracaibo, no estado de Zulia, um bebê também morreu em decorrência da falta de luz. Em Maracay, no estado de Aragua, região central da Venezuela, a vítima foi um paciente adulto.
Desde 2014, a Médicos pela Saúde realiza a chamada Pesquisa Nacional de Hospitais, para registrar as condições das unidades citadas. Segundo o último levantamento, realizado entre 19 de novembro do ano passado e 9 de fevereiro deste ano, 1.557 pessoas morreram na Venezuela por falta de materiais médicos e 79 por apagões.
“Nós conhecemos os hospitais. Quando divulgamos esses relatórios é porque nossos médicos e nossas enfermeiras tiveram contato com a história, com as certidões de óbito e sabem o que ocorreu. Pode haver mais (mortos) nos hospitais. É possível”, disse Castro.
Nesta segunda-feira, o fornecimento de energia elétrica na Venezuela continua instável. A falha vem intensificando os problemas da população venezuelana, prejudicando o funcionamento de hospitais e o acesso a produtos básicos.
O ditador Nicolás Maduro insiste que o blecaute, que começou na tarde de quinta-feira 7, é fruto de um boicote da oposição, liderada pelo autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, e cancelou mais uma vez as aulas e jornadas de trabalho do país, suspensas desde quinta. Apesar das garantias do líder chavista, que prometeu concentrar equipes para consertar o sistema de energia, os problemas persistem em várias regiões.
Explosão
Nesta madrugada, houve uma explosão na subestação Humbolt, no leste da capital Caracas, que interrompeu novamente o abastecimento de luz para alguns bairros. A rede de televisão estatal confirmou o incidente, que não deixou feridos, e afirmou estar investigando as causas, sem entrar em mais detalhes.
Outras regiões, como a cidade andina de San Cristóbal, próxima à fronteira com a Colômbia, também continuam sem luz nesta segunda-feira. A falta de energia paralisou os serviços de telefonia, transporte e fornecimento de água potável. No domingo 10, pessoas carregavam em fila recipientes com água que descia de uma montanha.
A Assembleia Nacional, controlada pela oposição, convocou uma sessão de emergência para esta segunda-feira para debater o colapso que, em suas palavras, “é fruto da negligência e irresponsabilidade do regime de Nicolás Maduro.”
Especialistas no assunto acreditam que o blecaute é resultou de uma falha nas linhas de transmissão de energia das hidrelétricas. Mas destacam que a falta de funcionários e a ausência de capacitação para situações de emergência tornam o país mais vulnerável ao problema.
Maduro declarou que a maior hidrelétrica venezuelana, Guri, foi “sabotada” pela oposição com o objetivo de desestabilizar e levar “desespero” ao povo. O apagão já é o mais longo da Venezuela nas últimas décadas. Em 2013, uma falha afetou 17 dos 23 estados do país por seis horas, e em 2018, oito estados ficaram sem energia por 10 horas.
(com Reuters)