O vice-ministro da Defesa do Sri Lanka, Ruwan Wijewardene, afirmou nesta quarta-feira, 24, que as autoridades locais suspeitam que possam ocorrer “novos ataques” na ilha após os atentados consecutivos que atingiram o país no último domingo 21 e deixaram 359 mortos durante as celebrações da Páscoa.
“Pode haver mais ataques. Temos que estar vigilantes neste momento, e teremos a situação sob controle nos próximos dias”, afirmou Wijewardene, em entrevista coletiva à imprensa estrangeira.
As autoridades locais também comunicaram a prisão de 60 pessoas por envolvimento nos atentados. Ao menos 20 suspeitos detidos são da família de dois dos terroristas que participaram dos ataques.
Os irmãos Ilham Ibrahim e Inshaf registraram-se nos hotéis Shangri-La e Cinnamon, em Colombo, e explodiram-se durante o café da manhã. Um deles usou dados verdadeiros na ficha do hotel, o que levou a polícia até seu endereço.
A mulher do terrorista também se suicidou ao se dar conta de que seria presa, levando seus dois filhos, além de três policiais, na explosão.
Os outros sete terroristas envolvidos nos ataques também foram identificados. Todos são naturais do Sri Lanka e a maioria pertencia à classe média do país e teve acesso à educação.
Um dos envolvidos estudou no Reino Unido e fez pós-graduação na Austrália, segundo o ministério da Defesa. Wijewardene afirmou também que “a maioria dos [agressores] é bem educada e vem de famílias de classe média ou média alta”.
“Eles são financeiramente independentes e suas famílias têm condição financeira estável”, acrescentou, afirmando que um dos terroristas era mulher.
Novos ataques
Além do ministro da Defesa, a embaixadora dos Estados Unidos no Sri Lanka levantou a possibilidade de novos atentados no país. Segundo Alaina Teplitz, as investigações sobre os incidentes levam a crer que há outras “conspirações terroristas em andamento”.
A diplomata também afirmou que o FBI e os militares americanos estão auxiliando na investigação. Segundo ela, os terroristas tiveram auxílio de organizações estrangeiras.
“Se você olhar a escala dos ataques, o nível de coordenação, a sofisticação deles, não é implausível pensar que existem laços estrangeiros”, disse a embaixadora a repórteres em Colombo. “Explorar laços em potencial será parte (das investigações)”, acrescentou.
“Nossa esperança é que, em resultado de nossos esforços conjuntos, apreenderemos os perpetradores e colaboradores, rastrearemos os laços e conseguiremos evitar que este tipo de coisa aconteça no futuro”.
Na terça-feira, o Estado Islâmico disse através de sua agência de notícias Amaq que os ataques foram realizados por agressores aliados à sua organização. As autoridades do Sri Lanka, contudo, culpam o National Thowheet Jama’ath (NTJ), grupo extremista islâmico local, pelas explosões.
Os comentários da diplomata americana vieram no momento em que o ministro da Defesa admitiu que houve uma falha de inteligência considerável antes dos ataques, já que surgiram relatos de alertas de ataques que não desencadearam uma reação e desavenças nos escalões mais altos do governo.
“É um grande lapso no compartilhamento de informações de inteligência”, disse Wijewardene em outra coletiva de imprensa. “Temos que assumir a responsabilidade.”
Lakshman Kiriella, o líder do Parlamento, disse que autoridades graduadas omitiram deliberadamente informações de inteligência sobre possíveis ataques.
“As informações estavam lá, mas as autoridades de segurança de alta patente não adotaram as devidas ações”, afirmou Kiriella ao Legislativo.
(Com Reuters e EFE)