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‘Sumiço’ de chanceler chinês gera especulações sobre possíveis motivos

Ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, não é visto em público há três semanas

Por Da Redação
17 jul 2023, 17h48

Ao mesmo tempo em que Pequim é palco de intensas atividades diplomáticas, esta segunda-feira, 17, marcou a terceira semana em que o ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, não é visto em público, algo que provocou uma intensa especulação no país e no exterior. O diplomata de carreira e assessor de confiança do líder chinês, Xi Jinping, assumiu o cargo de ministro em dezembro de 2022, após um breve período como embaixador nos Estados Unidos. 

Enquanto ministro das Relações Exteriores, Qin fez algumas repreensões a Washington, principalmente após o suposto balão espião chinês ter sido abatido nos EUA – um episódio que potencializou a escalada das tensões diplomáticas entre ambos os países. Além disso, Qin também foi uma figura de extrema importância para estabilizar os laços e restaurar a comunicação entre as potências. Em meados de junho, o diplomata se encontrou com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, durante sua visita a Pequim.

No entanto, Qin não é visto em público desde 25 de junho, logo depois de se reunir com autoridades de Sri Lanka, Vietnã e Rússia na capital chinesa. Em sua última aparição pública, o diplomata foi visto caminhando ao lado do vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Andrey Rudenko. 

“Dado o status e a influência da China no mundo, é realmente muito estranho que seu ministro das Relações Exteriores não apareça em público por mais de 20 dias”, observou Deng Yuwen, ex-editor de um jornal ligado ao Partido Comunista que agora mora nos Estados Unidos. 

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Ao ser questionado sobre a ausência prolongada de Qin durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que não tinha “nenhuma informação a fornecer”. Segundo ele, as atividades diplomáticas da China estão sendo realizadas normalmente. 

O sumiço repentino do ministro tornou-se ainda mais notório pela enxurrada de atividades diplomáticas na capital chinesa nas últimas semanas, como a visita de membros do alto escalão do governo dos EUA, incluindo Janet Yellen e John Kerry. No início deste mês, Qin deveria se encontrar com o chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, no entanto, a reunião foi adiada depois que a China afirmou à agência de notícias Reuters que não seria possível realizar as reuniões nas datas marcadas. O adiamento do encontro foi informado à UE dois dias antes da chegada programada de Borrell, em 5 de julho.

O ministro também não compareceu à reunião anual de ministros das Relações Exteriores da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) realizada na Indonésia na semana passada. O principal diplomata da China, Wang Yi, compareceu em seu lugar. De acordo com um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Qin não pôde comparecer à reunião da ASEAN “por motivos de saúde”.

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No entanto, essa justificativa não estava presente na transcrição oficial do briefing postado posteriormente no site do ministério – apesar de muitas vezes a instituição deixar de fora o conteúdo que considera mais sensível das transcrições de seus briefings regulares.

Apesar da saúde ser um dos motivos para o desaparecimento do diplomata, a informação não conseguiu conter a onda de especulações infundadas sobre o motivo pelo qual Qin não foi visto. Tais rumores são motivados pela falta de transparência no sistema político chinês. 

Esta não é a primeira vez que as autoridades chinesas de alto escalão desapareceram da vista do público, apenas para, posteriormente, ser revelado que estas figuras foram detidas para investigações. Os sumiços repentinos se tornaram uma característica comum na campanha anticorrupção de Xi. 

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