O novo premiê do Reino Unido, Rishi Sunak, e o presidente da França, Emmanuel Macron, fecharam um acordo nesta sexta-feira, 28, para conter a passagem de imigrantes ilegais no Canal da Mancha.
Downing Street afirmou que, durante um telefonema, os dois chefes de concordaram em aprofundar cooperações para impedir as jornadas mortais pelo canal, e o premiê britânico enfatizou “a importância de ambas as nações tornarem a rota do Canal completamente inviável para o tráfico humano”.
No entanto, a declaração do Palácio de Elysée não fez menção direta aos barcos de imigrantes.
Embora o gabinete do premiê britânico tenha se recusado a dar detalhes sobre quaisquer planos futuros ou quando um anúncio será feito, a dupla prometeu um “ambicioso pacote de medidas” a ser anunciado nos próximos meses.
Depois que a então primeira-ministra Liz Truss se encontrou com Macron em Praga no início deste mês, promessas para aprofundar a cooperação no início de outubro já haviam sido feitas.
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Em 2021, o Reino Unido concordou em pagar à França 54 milhões de libras para aumentar as patrulhas ao longo da costa norte da França. Segundo o jornal britânico The Times, Sunak quer fechar um novo acordo com o Palácio do Elysée, incluindo metas para quantos barcos são impedidos de atravessar o Canal.
Os franceses se retiraram de um projeto de acordo com a Inglaterra ainda no governo Boris Johnson, após Truz, em campanha na época, questionar se Macron era seu amigo ou inimigo. O gabinete francês se recusou a comentar sobre a ação, enquanto Truss e o presidente da França discutiam a relação entre os países no início do mês.
Indo na direção contrária do atrito criado por Truz, o novo primeiro-ministro falou de maneira positiva sobre o líder francês. De acordo com Downing Street, Sunak “enfatizou a importância que atribui ao relacionamento do Reino Unido com a França – nosso vizinho e aliado”.
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Além disso, o premiê britânico discutiu a importância da cooperação no combate contra mudanças climáticas, produção de energia, segurança nacional e a guerra na Ucrânia. O gabinete francês afirmou que Macron está disposto a aprofundar os laços com o Reino Unido nas áreas de defesa e segurança energética.
O Reino Unido e a França entraram em conflito sobre políticas migratórias nos últimos anos, após o Brexit desvincular as políticas britânicas das da União Europeia.
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Em novembro de 2021, 27 pessoas morreram na pior tragédia migratória registrada no Canal da Mancha. O Reino Unido foi desvinculado de uma reunião ministerial sobre o assunto, pois Macron acusou o então premiê, Boris Johnson, de não tratar o tema com seriedade.
Há especulações de que Sunak possa estabelecer um relacionamento mais positivo com o presidente francês do que seus dois antecessores. Ambos trabalharam no setor bancário antes de se voltarem para a política e têm idades semelhantes.
Mesmo assim, os dois têm visões bastante diferentes em diversas questões. Sunak foi um defensor do Brexit em 2016, enquanto Emmanuel Macron é pró-União Europeia. Além disso, o premiê britânico defende um projeto do governo que deporta refugiados para Ruanda, política à qual o gabinete francês é crítico.