Suspeito de assassinato de Shinzo Abe guardava rancores, diz polícia
O atirador, identificado como Tetsuya Yamagami, acreditava que Abe fazia parte de uma 'organização específica', não revelada pela polícia
A polícia que investiga o assassinato do ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, disse nesta sexta-feira, 8, que o suspeito guarda rancor contra uma “organização específica”.
O suposto atirador, identificado como Tetsuya Yamagami, 41, acreditava que Abe fazia parte deste grupo específico e atirou nele por esse motivo, disseram eles, sem nomear o grupo.
Abe morreu no hospital nesta sexta-feira, após ser baleado enquanto discursava em um evento de campanha política de seu antigo partido, o Partido Liberal Democrata, na cidade de Nara, no sul do Japão. O atirador atacou-o pelas costas com uma arma caseira, feita de metal e madeira e envolta em fita adesiva, disse a polícia.
Várias outras armas artesanais e explosivos foram encontrados mais tarde na casa do suspeito.
Abe foi o primeiro-ministro mais longevo do Japão e sua morte aos 67 anos chocou profundamente o país, onde ataques com armas de fogo são muito raros.
O primeiro-ministro Fumio Kishida disse que ficou “simplesmente sem palavras” com a notícia da morte de Abe, prometendo que a democracia do Japão “nunca cederia à violência”.
Nas redes sociais japonesas, a hashtag “Queremos democracia, não violência” foi tendência ao longo desta sexta-feira.
A polícia ainda está investigando se seu assassino agiu sozinho e por que Abe foi o alvo, entre outras pessoas relacionadas à organização não identificada.
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Testemunhas disseram que viram o agressor carregando uma grande arma a poucos metros de Abe e, depois, disparando duas vezes contra o ex-premiê, que caiu no chão enquanto os espectadores gritavam.
A polícia conseguiu imobilizar o atirador, que não tentou correr depois que atirou contra Abe.
Abe sofreu dois ferimentos de bala no pescoço durante o ataque e também sofreu danos no coração. Ele estava consciente e responsivo nos minutos após o ataque, mas os médicos disseram que nenhum sinal vital foi detectado no momento em que o ex-primeiro-ministro foi transferido para o hospital.
Os médicos trabalharam por horas para salvá-lo e Abe recebeu mais de 100 unidades de sangue em transfusões, antes de ser declarado morto.
Violência armada é extremamente rara no Japão, onde as armas de fogo são proibidas e ataques contra políticos são quase inéditos. Em 2014, houve apenas seis incidentes de mortes por armas de fogo no Japão, em comparação com 33.599 nos Estados Unidos. As pessoas têm que passar por um exame rigoroso e testes de saúde mental para comprar uma arma.