Taiwan adotará política de ‘atirar primeiro’ em aeronaves chinesas
Autoridades taiwanesas alertaram que atacarão sumariamente caças ou drones de Pequim que invadirem seu espaço aéreo
O ministro da Defesa de Taiwan, Chiu Kuo-cheng, anunciou nesta quinta-feira, 6, uma nova postura de defesa da ilha, em reposta à pressão militar da China. A estratégia prevê ataques sumários a caças ou drones chineses que invadirem o espaço aéreo territorial de Taipei.
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Durante uma reunião do Comitê de Defesa Nacional e Estrangeira do Legislativo de Taiwan, o chanceler observou que a nova política substituirá a anterior, que impedia a ilha de atacar caso o invasor não tivesse efetuado disparos primeiro.
“Mas agora a definição obviamente mudou, pois a China usou meios como drones. Portanto, vamos considerar qualquer travessia de entidades aéreas [no espaço aéreo territorial de Taiwan] como um primeiro ataque ”, explicou Chiu.
A autoridade informou aos legisladores que a regra busca intensificar as defesas de Taiwan diante dos recentes sobrevoos de aviões de guerra e drones chineses perto da ilha autônoma.
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Chiu não especificou, no entanto, como Taipei responderia se as aeronaves do Exército de Libertação Popular de Pequim violassem o limite territorial, a 12 milhas náuticas (22,2 quilômetros) da costa da ilha.
As tensões entre Pequim e Taipei estão no nível mais alto dos últimos anos, com o Exército chinês realizando regularmente grandes exercícios militares perto da ilha. Durante décadas, a linha mediana serviu como um limite informal entre as duas nações, sendo raras as incursões militares através dela.
Contudo, a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan no início de agosto fez a China intensificar as táticas de pressão militar na ilha, enviando aviões militares através do limite do Estreito de Taiwan, o corpo de água que separa Taiwan da China.
No início deste ano, a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, disse que os militares da ilha tomariam “contramedidas necessárias e contundentes conforme apropriado” contra o que ela chamou de táticas de guerra nebulosas e novas, incluindo “assédio por drones”.
Taiwan fica a menos de 177 quilômetros da costa da China. Por mais de 70 anos, os dois lados foram governados separadamente, mas isso não impediu o Partido Comunista da China de reivindicar a ilha como sua – apesar de nunca tê-la controlado.
O líder chinês, Xi Jinping, disse que a “reunificação” dos dois territórios é inevitável e se recusou a descartar o uso da força.
A recente declaração do ministro taiwanês agrava a situação de segurança no estreito, após a manifestação de apoio dos Estados Unidos à ilha. No mês passado, o presidente estadunidense, Joe Biden, afirmou que defenderia Taiwan caso os militares chineses a invadissem.
Sob a política “Uma China”, apoiada pelos Estados Unidos, Taiwan é identificada como parte da China. Mas Washington nunca reconheceu oficialmente a reivindicação do Partido Comunista à ilha autônoma de 23 milhões de habitantes.
Os Estados Unidos fornecem armas defensivas a Taiwan, mas permanecem intencionalmente ambíguos sobre uma intervenção militar no caso de um ataque chinês.
De acordo com a comunidade de inteligência dos Estados Unidos, a China está tentando ativamente construir um exército capaz de dominar Taiwan – mesmo diante do apoio dos americanos à ilha.
No início deste ano, o vice-diretor da CIA, David Cohen, disse que, embora os líderes da China prefiram obter o controle de Taiwan por “meios não militares”, eles querem que os militares do país tenham a capacidade de assumir o controle da ilha até 2027.