Taiwan não quer guerra com China, mas soberania é inegociável, diz líder
Tsai Ing-wen discursou no dia nacional da ilha em meio à escalada de tensões com Pequim, que reivindica o território como sendo uma 'província rebelde'
A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, anunciou nesta segunda-feira, 10, que está disposta a trabalhar com a China para manter a paz na região, mas que não irá negociar a soberania de Taipei. A líder discursou no dia nacional da ilha em meio à escalada de tensões com Pequim, que reivindica o território como sendo uma “província rebelde”.
“O consenso do povo taiwanês é defender nossa soberania e nosso modo de vida livre e democrático. Não há espaço para concessões sobre isso”, disse Tsai na cerimônia que marcou 111 anos da revolução que resultou no colapso do sistema imperial chinês e no surgimento da nova República da China.
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As festividades contaram com a presença de convidados internacionais, incluindo Eddie Bernice Johnson, congressista dos Estados Unidos, e Surangel Whipps, presidente de Palau – um dos 14 países que mantêm relações diplomáticas plenas com Taiwan.
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Em seu discurso, a chefe Estado taiwanesa afirmou que irá buscar “formas mutuamente aceitáveis” de manter a paz no Estreito de Taiwan, fazendo um apelo para que as autoridades chinesas não inflamem o conflito.
“Peço às autoridades de Pequim que recorrer à guerra não deve ser a opção para as relações através do Estreito”, disse Tsai. “Somente respeitando a insistência do povo taiwanês na soberania, liberdade e democracia podemos retomar interações positivas em todo o Estreito de Taiwan”.
A declaração da presidente rebate a afirmação do líder chinês, Xi Jinping, que não descartou o uso da força para garantir a reunificação entre a China e Taiwan.
A presidente também defendeu que Taipei é um “símbolo importante” da democracia no mundo e seu povo está determinado a defender sua independência.
“A comunidade internacional é muito clara de que defender a segurança de Taiwan equivale a defender a estabilidade regional e os valores democráticos”, disse. “Se as liberdades democráticas de Taiwan forem destruídas, será um grande revés para as democracias em todo o mundo”.
Ela reiterou que Taiwan vem fortalecendo a consciência de defesa nacional, além de adquirir e aumentar a produção de armas de precisão para aumentar as capacidades de “guerra assimétrica” – um termo para estratégias militares para combater forças armadas mais poderosas.
No início deste ano, Tsai Ing-wen, disse que os militares da ilha tomariam “contramedidas necessárias e contundentes conforme apropriado” contra o que ela chamou de táticas de guerra nebulosas e novas, incluindo “assédio por drones”.
As tensões entre Pequim e Taipei estão no nível mais alto dos últimos anos, com o Exército chinês realizando regularmente grandes exercícios militares perto da ilha. Durante décadas, a linha mediana serviu como um limite informal entre as duas nações, sendo raras as incursões militares através dela.
Localizada a menos de 177 quilômetros da costa da China, a ilha é o lar de 23 milhões de pessoas. Apesar de ser governada separadamente de Pequim mais de 70 anos, o Partido Comunista da China reivindica o poder sobre a ilha.