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Tem início assembleia para escolher sucessor de Raúl Castro em Cuba

Vice-presidente Miguel Díaz-Canel pode ser primeira pessoa a assumir presidência cubana sem ter participado da revolução

Por Da redação
Atualizado em 19 abr 2018, 11h04 - Publicado em 18 abr 2018, 17h14

A Assembleia Nacional de Cuba iniciou nesta quarta-feira uma sessão de dois dias para eleger o novo presidente da ilha, uma transição histórica depois de seis décadas de poder dos irmãos Castro.

Aos 86 anos, Raúl Castro, sucessor de seu irmão Fidel no poder, vai se retirar da Presidência de Cuba e será substituído por um representante da nova geração. O primeiro vice-presidente, Miguel Díaz-Canel, é um dos favoritos.

Inicialmente a sessão plenária, formada pelos 605 deputados eleitos em março, estava programada para a quinta-feira, 19, mas foi adiantada para esta quarta-feira às 09h00 (10h00 de Brasília).

O encontro acontece a portas fechadas e a programação não foi divulgada. No entanto, a Assembleia deverá eleger sua mesa diretora e, depois desSe procedimento, os deputados vão escolher os 31 membros do Conselho de Estado, que será liderado pelo sucessor de Raúl Castro.

Se a Assembleia resolver todos os trâmites com rapidez, a votação presidencial pode ocorrer ainda hoje. A identidade do novo presidente só deve ser revelada na quinta.

A data é simbólica: corresponde ao 57º aniversário da vitória na Baía dos Porcos, quando as tropas anticastristas, preparadas e financiadas pelos Estados Unidos, foram derrotadas em 1961.

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Após o triunfo da revolução em 1959 e a eleição de Fidel Castro como presidente em 1976, Cuba vivenciou uma única transição de governo. Foi em 2006, quando Fidel, doente, passou o comando do país ao irmão mais novo.

Fidel Castro faleceu ao fim de 2016 e agora é Raúl, de 86 anos, que cederá seu assento a um representante da nova geração.

Se não houver surpresas, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, de 57 anos, número 2 do governo desde 2013, assumirá a responsabilidade. Há anos, Díaz-Canel, nascido depois da revolução, representa o governo no exterior e suas aparições na imprensa têm sido cada vez mais frequentes.

Tarefa difícil

“Um fator a considerar é se (Díaz-Canel) pode resistir à pressão deste cargo”, considerou Paul Webster Hare, professor de Relações Internacionais em Boston, nos Estados Unidos, e ex-embaixador britânico em Cuba.

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Ele considera que Fidel e Raúl nunca precisaram justificar sua posição pois venceram a revolução e ninguém questionou seu direito de liderarem. “Mas eles não criaram um modelo democrático. Essa é a principal razão pela qual Díaz-Canel enfrenta uma tarefa difícil”, acrescentou.

Pela primeira vez em décadas, o presidente não será um membro histórico da revolução de 1959, não vestirá o uniforme verde nem será líder do governante Partido Comunista de Cuba (PCC), único autorizado a existir na ilha. Ele poderá suprir seu déficit de legitimidade histórica com o apoio de Raúl Castro, que manterá a liderança do PCC até 2021. Nesse cargo, terá que mobilizar a velha guarda, percebida em sua maioria como contrária às mudanças mais ambiciosas.

O nível de responsabilidade e a margem de manobra que terá como líder do novo Conselho de Estado será um sinal da vontade de reforma que empreenderá nesta nova era. Para atuar, deverá levar em conta os limites traçados pelo PCC e pelo Parlamento, que definem as orientações políticas e econômicas até 2030.

“O governo que vamos eleger será pelo povo. O povo vai participar nas decisões”, disse Díaz-Canel depois de votar nas últimas eleições legislativas em sua cidade, na província de Villa Clara.

Segundo especialistas, o futuro presidente deverá aplicar reformas para reativar uma economia que cresceu apenas 1,6% em 2017, altamente dependente das importações e da ajuda de sua hoje debilitada aliada Venezuela. A tarefa mais urgente é a unificação das duas moedas nacionais que circulam no mercado –a utilizada para transações com o exterior (o peso conversível) e a usada domesticamente (peso cubano)–, além da eliminação de taxas de câmbio preferenciais para empresas estatais, que são maioria na ilha, uma situação que gera distorções na economia.

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(Com AFP)

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