Em declaração pública nesta quarta-feira, 20, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, deu um ultimato no Parlamento sobre a retirada de seu país da União Europeia. Disse que não pedirá um segundo adiamento do Brexit, que acatou a vontade da maioria dos legisladores de não realizar um novo referendo sobre a questão e que é hora de eles tomarem uma decisão definitiva.
Horas antes, May havia encaminhado ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pedido de prorrogação do Brexit para 30 de junho. O prazo atual termina em 29 de março. Ela considerou a medida como uma “boa escolha”. A decisão de Bruxelas será tomada nesta quinta-feira, 21, quando May se reunirá com os representantes dos 27 países do bloco.
Em uma advertência aos membros do Parlamento, May afirmou ter chegado a hora de se acabar com os “jogos políticos” em torno do Brexit, chegar um a um consenso definitivo sobre a saída com um acordo com os europeus e até mesmo sobre a vontade real de deixar o bloco. Os outros temas de interesse nacional, como a educação, estão paralisados, à espera dessa decisão.
“O país precisa desesperadamente estar unido”, afirmou. “Vocês disseram não ao segundo referendo. É o que eu vou cumprir.”
May mostrou-se irritada com as últimas votações no legislativo britânico. Os parlamentares recusaram, nos últimos dias, a nova versão de seu acordo com a União Europeia, a possibilidade de saída sem nenhum acerto prévio com os europeus e o segundo referendo. Também vetaram uma terceira votação do acordo. As emendas que tratavam do tópico mais polêmico de seu acerto com os europeus, o tratamento para a fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte, foram rejeitadas.
O grau de dispersão do Parlamento em relação ao Brexit chegou ao extremo. Há meses, parte dos próprios colegas de May no Partido Conservador a abandonou nessa questão e vota contra suas iniciativas.
Do lado de lá da Mancha
Segundo o jornal The Guardian, o ambiente não está nada favorável a May do outro lado do Canal da Mancha. Tusk acenou com a possibilidade uma curta extensão do início do Brexit, para antes de 23 de maio, ou seu adiamento mais longo, até ao menos o final de 2019. Também afirmou que qualquer prorrogação curta dependerá da aprovação de seu acordo com May que, por suas vezes, foi rejeitado pelo Parlamento.
Tusk antecipou que a chance de sucesso é “frágil, até mesmo ilusória” nesta quinta-feira.