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Tiros no paraíso: tráfico faz violência disparar à beira do Mar do Caribe

Os famigerados cartéis de narcotraficantes estão disputando território em uma área até então livre dessa praga mexicana

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h18 - Publicado em 20 nov 2021, 08h00
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  • PAZ ABALADA - Cancún: praias patrulhadas após troca de tiros entre bandidos na frente de hóspedes de um resort de luxo -
    PAZ ABALADA - Cancún: praias patrulhadas após troca de tiros entre bandidos na frente de hóspedes de um resort de luxo - (Rodrigo Arangua/AFP; Artur Widak/NurPhoto/Getty Images)

    Na contramão do mundo inteiro, as cidades turísticas mexicanas situadas à beira do Mar do Caribe lotaram durante a pandemia, resultado da duvidosa decisão do governo de, em nome da preservação de uma indústria essencial, manter hotéis, restaurantes e aeroportos abertos a todos, sem exigência de quarentena ou teste. Sem muitas opções, aqueles que insistiram em viajar aportaram em peso em cidades como Cancún, Playa del Carmen e Tulum — um tipo de turista mais rico e mais festeiro do que esses balneários estavam acostumados a receber. Para o comércio e a rede hoteleira, foi uma beleza. Mas a alta concentração de raves, regadas a bebidas e drogas, atraiu a atenção e a cobiça de um outro tipo de negócio, este letal: os cartéis de narcotraficantes que flagelam regiões inteiras do México. Dois tiroteios nas últimas semanas e a presença maciça de soldados e policiais armados de fuzis até nas praias parecem confirmar que as sangrentas disputas do tráfico alcançaram esse paraíso caribenho.

    No início do mês, bandidos trocaram tiros em frente ao luxuoso resort Hyatt Ziva Riviera, bastante frequentado por brasileiros. Em desespero, hóspedes em trajes de banho correram para se proteger no saguão, sem entender o que ocorria. “Mandavam todo mundo se abaixar e procurar abrigo”, relatou Mike Sington, aposentado americano que estava no hotel e publicou vídeos da situação. Duas pessoas foram assassinadas e quatro americanos ficaram feridos. Dias antes, duas jovens, uma indiana e uma alemã, haviam morrido vitimadas por outra troca de tiros, dessa vez em um movimentado restaurante de Tulum, na Península de Yucatán. Apesar da surpresa causada pelos tiroteios, a onda de violência vem se avolumando ao longo de todo este ano. Entre janeiro e setembro, houve 65 assassinatos em Tulum, um salto de 80% em relação a 2020. Segundo relatório da consultoria México Evalúa, há evidências concretas na região da infiltração dos cartéis de Sinaloa e Jalisco, entre os maiores e os mais violentos, e cerca de dez quadrilhas disputam o mercado de drogas local.

    Após a troca de tiros em Cancún, o governo do estado de Quintana Roo anunciou que enviaria um reforço de 450 policiais, mas o clima de insegurança permanece. “O turismo em massa certamente se ressente disso”, reclama David Ortiz Mena, presidente da Associação de Hotéis de Tulum. Só Cancún recebe 12 milhões de visitantes por ano, entre eles 2,5 milhões de brasileiros, que movimentam mais de 5 bilhões de dólares. Em outubro, a ocupação dos hotéis bateu recorde, com quase 1,1 milhão de hóspedes, muitos fazendo ali, com poucas restrições, a obrigatória quarentena de duas semanas (agora suspensa) para entrar nos Estados Unidos. A falta de medidas efetivas para se contrapor aos cartéis difunde o temor de que a região se transforme em uma nova Acapulco. Situada na costa do Pacífico, a cidade viveu dias de glória nos anos 1960 e 1970, quando era o destino de férias das estrelas de Hollywood — Elizabeth Taylor se casou lá com o terceiro marido, Michael Todd. Sempre associada a festas e excessos, Acapulco foi tomada pelo tráfico e é uma das cidades mais perigosas do México. Tomara que as praias de areia branca e mar turquesa do Caribe consigam escapar desse final infeliz.

    Publicado em VEJA de 24 de novembro de 2021, edição nº 2765

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