O porta-voz da Presidência da Argentina, Manuel Adorni, afirmou nesta segunda-feira, 11, que o governo de Javier Milei apresentará seu pacote de medidas para a economia na terça-feira, 12. O novo chefe de Estado argentino tomou posse na véspera, prometendo um “tratamento de choque” para as finanças do país.
Segundo Adorni, os anúncios serão feitos pelo ministro da Economia, Luis Caputo – um aliado próximo do ex-presidente Mauricio Macri, importante elemento de sua coalizão, de centro-direita e menos radical que Milei.
“Acabou a lógica de gastar mais do que se tem, o equilíbrio fiscal será respeitado”, disse Adorni em sua primeira entrevista coletiva após a posse do novo presidente. “A Argentina está em estado de emergência. A inflação é a questão central que preocupa as pessoas”, completou, em eco ao mote do governo de que “não há dinheiro”.
Choque
No seu discurso de posse, Milei alertou que a Argentina não tinha alternativa senão um “tratamento de choque” agudo e doloroso para resolver a crise econômica, a pior a assolar o país desde 2001. A inflação, hoje em 142%, deve atingir os 200% no início do ano que vem, enquanto as taxas de juros batem os 133%.
Depois de obter uma vitória eleitoral surpreendentemente retumbante em novembro, com promessas radicais que iam de dolarizar a economia a extinguir o Banco Central do país, o outsider político atenuou o tom, mas manteve o comprometimento com um programa de duras medidas de austeridade.
O líder de extrema direita disse que iria desfazer “décadas de decadência” com cortes profundos nos gastos, destinados a reduzir enormes dívidas públicas e cortar a inflação.
“Sabemos que no curto prazo a situação vai piorar”, ele alertou. “Mas então veremos os frutos dos nossos esforços”, garantiu.
Desafios
Embora a presidência tenha poderes abrangentes, Milei terá uma série de obstáculos na luta contra uma série de problemas assustadores.
O peso está em queda livre a longo prazo, superando a marca dos US$ 1000, os níveis de pobreza subiram para 40% e, segundo dados do FMI, a economia está numa recessão profunda.
Para lidar com a crise, suas propostas de austeridade provavelmente enfrentarão oposição no Congresso, onde a coligação de pequenos partidos de direita e extrema direita que ele lidera tem apenas representação minoritária.
Sua primeira medida como presidente já arrancou críticas. Horas depois de assumir o cargo, Milei assinou um decreto para reduzir o número de ministérios de 18 para nove, cumprindo uma proposta fundamental de sua campanha – e acendendo um sinal de alerta a respeito de quais outras promessas ele vai tentar tornar realidade.