Tribunal pró-Rússia em Donetsk condena soldados estrangeiros à morte
Autoproclamada República Popular de Donetsk, criada por separatistas ucranianos, acusa os soldados voluntários de serem mercenários
Um tribunal da autoproclamada República Popular de Donetsk, criada por separatistas ucranianos pró-Rússia, condenou três soldados estrangeiros que lutavam pela Ucrânia à morte nesta quinta-feira, 9. As autoridades os acusaram de ser “mercenários” contratados pelo governo ucraniano, de acordo com a agência de notícias estatal russa RIA Novosti.
Os cidadãos britânicos Aiden Aslin e Shaun Pinner e o cidadão marroquino Brahim Saadoune compareceram ao tribunal nesta quinta-feira, onde receberam a pena de morte.
Os homens foram capturados pelas forças russas em meados de abril em Mariupol.
Na terça-feira 7, autoridades da autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste da Ucrânia, divulgaram um vídeo de propaganda mostrando os três estrangeiros no tribunal.
Os três homens foram acusados de “mercenarismo, crimes destinados à tomada forçada e retenção do poder, bem como treinamento para realizar atividades terroristas no território da RPD (República Popular de Donetsk)”, disse Vitalia Cherniavskaya, representante oficial do procurador-geral da república autoproclamada, em um vídeo publicado em um canal do Telegram.
A Rússia é o único país que considera a RPD independente. A comunidade internacional não a reconhece como país, nem às suas instituições como legítimas, e considera o território como parte da Ucrânia. Grupos de vigilância independentes há muito acusam os separatistas de um histórico sombrio de direitos humanos e maus-tratos a prisioneiros.
O governo ucraniano disse em um comunicado na quarta-feira 8 que considera legalmente todos os voluntários estrangeiros membros de suas forças armadas, com direito a tratamento como prisioneiros de guerra sob as Convenções de Genebra.
A família de Aslin disse na terça-feira que estava trabalhando com o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido e o governo ucraniano para levá-lo para casa, segundo reporta a agência internacional de notícias AP. Em um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, a sua família denunciou a “propaganda do Kremlin”, acrescentando que ele não era um “voluntário, mercenário ou espião”.
Eles disseram que ele se mudou para Mykolaiv em 2018, onde conheceu sua namorada e se juntou aos fuzileiros navais ucranianos.
Pinner era anteriormente um membro das Forças Armadas do Reino Unido, de acordo com um comunicado divulgado pelo Escritório de Relações Exteriores do Reino Unido em abril. Enquanto isso, amigos de Saadoune disseram à emissora americana CNN que ele foi para a Ucrânia para estudar em uma universidade e acabou se juntando às forças armadas ucranianas em 2021.