Trinta vítimas e parentes de pessoas atingidas pelos atentados jihadistas de 13 de novembro de 2015, em Paris, denunciaram hoje o Estado francês como também responsável por esses ataques, ao considerar erros do governo na gestão dos mesmos.
A maior parte dos denunciantes é representada pela advogada Samia Maktouf. Em declarações à emissora francesa BFM TV, ela afirmou que seus clientes “pedem respostas ao poder público” e “buscam a verdade”.
O dia 13 de novembro de 2015 ficou marcado como um dos piores da história para os parisienses, com 153 mortos. Seis locais da capital francesa foram atingidos quase simultaneamente por ataques de jihadistas. Dois suicidas detonaram explosivos nos arredores do Stade de France.
O cenário da maior carnificina foi a casa de espetáculos Bataclan, onde homens armados atiraram por mais de dez minutos contra o público que assistia a um show de rock. Mais de 100 pessoas foram mortas nesse local.
O recurso apresentado por Maktouf ao Tribunal Administrativo de Paris questiona especialmente a decisão do governo de não ordenar a intervenção de militares da Força Sentinelle na sala de concertos Bataclan. O processo também questiona as falhas do sistema de vigilância ao qual os terroristas, alguns deles fichados e sob controle judicial, tinham sido submetidos.
O caso mais eloquente, segundo a emissora France Info, é o de Samy Amimour, um dos três suicidas que explodiram seu colete dentro do Bataclan. Amimour tinha seu passaporte retido e estava proibido de sair do território nacional.
Os litigantes pedem uma compensação de cerca de 20.000 euros cada um.
O recurso é similar ao apresentado pela família do militar Abel Chennouf, assassinado em 15 de março de 2012 perto de Toulouse pelo jihadista Mohammed Merah, que estava fichado no serviço secreto da França.
Embora o Tribunal Administrativo de Nîmes, de primeira instância, tenha reconhecido em julho de 2016 a responsabilidade do Estado por não ter feito todo o possível para evitar o ataque, a Corte de Apelação de Marselha o desculpou, em abril de 2017, ao considerar que o governo não cometeu nenhuma “falta grave suscetível para ser visto como responsável”.
(Com EFE)