A tensão na fronteira entre Belarus e Ucrânia aumentou nos últimos dias com a movimentação mais intensa de tropas russas na região. A concentração de soldados, tanques blindados, caças e lançadores de foguetes nunca foi tão grande, desde a época em que a União Soviética dominava a região, relataram oficiais militares ao jornal The New York Times.
A Rússia cercou o norte da Ucrânia, onde a fronteira é mais desguarnecida, posicionando seu exército como uma ferradura, cercando a região por três lados, em territórios da Belarus, de quem é aliada. O Ministério da Defesa russo informou que algumas de suas forças mais avançadas e bem equipadas foram enviadas para nove bases e aeródromos.entre os equipamentos, estão poderosos sistemas antiaéreos S-400 e centenas de aviões bombardeiros.
A maior parte do contingente militar da Ucrânia se concentra no leste do país, onde o governo de Kiev mobiliza forças para lutar contra um movimento separatista. Ao norte, apenas a 8.500 soldados foram enviados no ano passado, não para proteger o país de uma possível invasão russa, mas para impedir que a Belarus enviasse migrantes do Oriente Médio pela fronteira, como fez nos limites com a Polônia e com a Lituânia.
“Os 1 070 quilômetros de nossa fronteira com a Bielorrússia se tornaram uma ameaça”, diz Oleksii Reznikov, ministro da Defesa da Ucrânia., que faz questão de frisar que o país mantém “uma atitude muito calorosa em relação ao povo bielorrusso”. Aleksei Shevchuk, o primeiro vice-comandante do posto de fronteira, disse que ele e seus companheiros estariam prontos para lutar caso as forças russas aparecessem na fronteira. Mas ele reconheceu que pouco poderiam fazer contra os tanques russos.
Oficialmente, o Kremlin alega que se tratam de exercícios militares programados para fevereiro. O temor da União Europeia e dos Estados Unidos, porém, é de que o presidente Vladimir Putin ordene uma invasão à Ucrânia. O objetivo dos exercícios, denominados “Allied Resolve”, é “desenvolver diferentes opções para neutralizar conjuntamente as ameaças e estabilizar a situação nas fronteiras”, disse o vice-ministro da Defesa da Rússia, Aleksandr V. Fomin, em uma reunião com adidos militares estrangeiros em Moscou este mês.
Governada pelo último ditador da Europa, Aleksandr G. Lukashenko, a Belarus anda mantem uma proximidade com Moscou digno da Guerra Fria. Apesar disso, ele vinha mantendo certa distância do conflito entre Ucrânia e Rússia, o que mudou após as eleições presidenciais em agosto de 2020, quando os serviços de inteligência russos o socorreram, em meio a uma onda de protestos contra seu governo.
(Com The New York Times)