Depois de confrontar-se com o México e os países centro-americanos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou o governo de seu aliado Iván Duque, da Colômbia, de enviar criminosos a seu país de propósito. Também criticou as políticas de segurança Duque ao argumentar que “o negócio das drogas cresceu 50%” na Colômbia.
“Não tenho dúvidas que Honduras, Guatemala, El Salvador e Colômbia (…) estão mandando (criminosos) aos Estados Unidos porque não os querem, porque acham que o povo dos Estados Unidos é estúpido e os recebe”, disse Trump, durante um evento de arrecadação de fundos para sua campanha eleitoral de 2020 em San Antonio, no Texas.
“Estão mandando verdadeiros assassinos porque não querem as quadrilhas, portanto as mandam ao nosso país”, ressaltou Trump.
As duras críticas da Casa Branca ao México e aos países da América Central são recorrentes. A Colômbia, porém, tem sido aliada de primeira hora de Washington na questão da Venezuela e, por décadas, permitiu a cooperação militar americana em seu território para o combate ao narcotráfico e às guerrilhas.
Trump, porém, queixou-se de que “infelizmente, o negócio das drogas cresceu 50% desde que (Duque) está aí”, sem citar a fonte desse dado. Esta é a primeira vez que o presidente americano inclui a Colômbia no que considera uma campanha deliberada dos países do Triângulo Norte da América Central para enviar criminosos aos Estados Unidos de forma irregular.
Ao receber Duque na Casa Branca, em fevereiro deste ano, Trump insinuou que a Colômbia está atrasada na erradicação de cultivos de coca, mas confiou que possa melhorar a situação “em um futuro próximo”.
Trump e o Congresso americano expressaram reiteradamente preocupação com o aumento dos cultivos de coca que, em 2017, cresceram 17% e alcançaram um recorde de 171.000 hectares. Essa área é 25.000 hectares maior do que a plantada em 2016, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Droga e Crime (UNODC).
Em 2017, Trump ameaçou colocar a Colômbia em uma lista negra que poderia levar à redução de ajuda econômica. Mas depois assinou um acordo com Bogotá para que rebaixe sua produção estimada de cocaína e seus cultivos de coca em 50% até 2023.
Com o México, surpreendentemente, Trump suavizou seus ataques nesta quarta-feira, ao reconhecer que os mexicanos entram nos Estados Unidos, “ajudam com a agricultura e saem, sem problemas”. Desde o início de sua campanha eleitoral, em 2015, o republicano se vale de adjetivos pesados para se referir aos imigrantes do país vizinho, aos quais já considerou como “estupradores” e “criminosos”.
Na última semana, Trump recuara em sua ameaça de fechar a fronteira dos Estados Unidos com o México e, embora esse risco não tenha sido afastado totalmente, elogiou o “bom trabalho” das autoridades mexicanas ao deportar imigrantes ilegais centro-americanos na sua fronteira com a Guatemala.
Mais tropas
O muro na fronteira, com recursos do Pentágono, continua em seus projetos, assim como um segundo reforço da visita com tropas do Exército. A intenção de reforçar a presença militar no sul do território americana foi anunciada após Trump ouvir histórias de cidadãos do Texas sobre casos de imigrantes que morrem ao cruzar a fronteira.
“Terei que chamar mais militares”, afirmou.
Trump não deu mais detalhes sobre esse possível plano, mas fez questão de lembrar que o Exército dos EUA não pode atuar na fronteira porque uma lei proíbe que o órgão seja envolvido em missões de segurança e ordem pública em nível nacional. Ele confirmou que seu genro e assessor especial, Jared Kushner, está preparando um plano de reforma migratória que será apresentado em breve.
“Será muito importante”, concluiu Trump, sem dar qualquer detalhe sobre o projeto.
Por sua ordem, os Estados Unidos mantêm 6.000 militares na fronteira com o México, entre eles soldados em atividade e reservistas da Guarda Nacional. Devido às limitações legais da missão, eles reforçaram o muro na fronteira que separa os dois países e ajudaram a Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) em tarefas de logística.
“Estão vindo pessoas perigosas, e as boas estão morrendo”, ressaltou Trump, garantindo que não sabia das mortes dos imigrantes.
Após o encontro com os eleitores, Trump fez críticas aos coiotes que, segundo ele, iludem os imigrantes sobre a proximidade das grandes cidades americanas, e aos “pandilleros”, que semeia terror entre os fazendeiros do Texas. “Eles começam a andar e acham que Houston está a meia milha, mas, na verdade, são 300”, afirmou.
(Com EFE)