Trump acusa países da Otan de inadimplência e pede reembolso
Reunião da Aliança do Atlântico, em Bruxelas, terá a Rússia como um de seus principais temas; presidentes americano e russo se encontrarão no dia 16
Depois de ter qualificado a Organização do Tratado do Atlântico Norte como “obsoleta”, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desembarcou nesta terça-feira (10) em Bruxelas para a reunião de líderes da Aliança Atlântica chamando de “inadimplentes” os países atrasados no pagamento de suas cotas para a Otan. Trump ainda os desafiou a “reembolsar” Washington por esses atrasos.
“Muitos países da Otan, que se espera que devamos defender, não só estão abaixo de seu compromisso atual de 2% (que é baixo), mas também estão inadimplentes por muitos anos em pagamentos que não foram feitos. Eles reembolsarão os Estados Unidos?”, escreveu Trump no Twitter, ainda a bordo do Air Force One.
Trump não identificou esses países, mas referiu-se à cota de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) devida pelos membros da Otan. Essa foi a mais nova provocação do presidente americano a seus principais aliados europeus. Horas antes, Trump havia se queixado do suposto fato de a Otan “ajudar muito mais” os integrantes da União Europeia (UE) do que aos Estados Unidos, que pagam “mais de 70%” do custo da defesa comum.
“A Otan não nos tratou de forma justa, mas acredito que resolveremos de alguma forma. Pagamos demais, e eles pagam muito pouco”, dissera Trump à imprensa, em Washington, antes de embarcar para Bruxelas.
Em junho, Trump enviara cartas a vários governantes de países-membros da Otan, como Espanha, Alemanha e Canadá, para exigir deles o aumento de suas cotas para a Aliança do Atlântico e adverti-los que a situação atual “já não é sustentável”, segundo o jornal The New York Times.
A animosidade de Trump com a Otan tem longa data. Em seu primeiro mês de governo, disse em entrevista ao jornal britânico The Times que a Otan era obsoleta. “É obsoleta porque não está cuidando do terrorismo”, afirmou em janeiro de 2017.
Esta é a segunda reunião de líderes da Otan na qual Trump participa. Uma das questões sensíveis neste encontro será o comportamento da Rússia, que dominou a Crimeia, atua diretamente no conflito da Síria em apoio ao governo de Bashar Assad e vem instigando temores nas democracias do leste Europeu.
Segundo o New York Times, apesar das críticas do presidente americano à Otan, o setor militar dos Estados Unidos tem conduzido a aliança para o combate ao que comumente chama de “guerra híbrida da Rússia”. Ou seja, as capacidades assimétricas e não-tradicionais usadas para desestabilizar democracias por meio de ciberataques, desinformação e propagandas.
Trump se reunirá nesta quarta-feira (11) em Bruxelas com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, antes de participar da reunião de cúpula. A Casa Branca não informou sobre possíveis encontros bilaterais, em paralelo. Mas, em 16 de julho,Trump se encontrará com o presidente russo, Vladimir Putin, na Finlândia.
(Com EFE)