A tensão entre Estados Unidos e Turquia aumentou nesta segunda-feira, com a declaração do presidente americano, Donald Trump, de que seu país vai “devastar a economia turca” se Ancara atacar os militantes curdos na Síria. O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlot Çavusoglu, rebateu em seguida, segundo o jornal The Guardian.
“Nós dissemos repetidamente que não tememos e não ficaremos intimidados por nenhuma ameaça”, afirmou o chanceler turco. “Parceiros estratégicos, aliados não discutem pelo Twitter, pelas redes sociais”, completou Çavusoglu.
Trump ameaçou a Turquia pela sua rede social favorita para abordar uma das preocupações dos Estados Unidos com a sua retirada de tropas da Síria, iniciada na semana passada: a de que as forças turcas ataquem os antigos aliados americanos naquele terreno, os militantes curdos. Ele também propôs a criação de uma espécie de zona de exclusão de 32 quilômetros supostamente para proteção dos curdos, mas sem indicar qual seria sua localização.
Pelo Twitter, Trump apelou para os curdos para que não provoquem a Turquia. O porta-voz da Presidência turca, Ibrahim Kalm, pediu a ele que não confunda os curdos sírios, aliados dos Estados Unidos, com os militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo) considerado inimigo pelo governo de Ancara. A Turquia considera o PKK como uma organização terrorista.
“Terroristas não podem ser seus parceiros e aliados. A Turquia espera que os Estados Unidos honrem nossa parceria estratégica e não a macule com propaganda terrorista”, afirmou Kalm.
Em Riad, Arábia Saudita, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou que o plano de retirada dos 2.000 militares de seu país da Síria não será alterado, tampouco o compromisso de Washington de destruir os últimos resquícios do Estado Islâmico. Pompeo indicou que a ameaça de “devastação econômica” poderá se dar na forma de sanções.
Tensão
A crise entre os dois países, ambos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), tornou-se mais aguda depois das críticas do presidente turco, Recep Erdogan, à Casa Branca por não ter tomado medidas mais duras contra a Arábia Saudita, responsável pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em outubro passado, em Istambul.
A Turquia fora alvo de pressões dos Estados Unidos, meses antes, por causa da prisão do pastor americano Andrew Brunson, por dois anos. Libertado em outubro passado, Brunson responderá à Justiça turca como suspeito de envolvimento na tentativa frustada de golpe de Estado de 2016.