Trump ataca a esquerda e classifica manifestantes de ‘alt-left’
Para muitos especialistas, o termo utilizado pelo presidente não se refere a nenhum grupo específico da esquerda dos Estados Unidos
O presidente dos Estados Unidos Donald Trump voltou a culpar grupos de direita e esquerda pela violência que deixou uma pessoa morta e 19 feridas em Charlottesville, na Virgínia, no último sábado. Durante seu controverso discurso nesta terça-feira, chamou a atenção o uso do termo ‘alt-left’, ou esquerda alternativa americana.
Trump se referia ao grupo de pessoas que protestava contra a manifestação organizada por supremacistas brancos. A expressão, na verdade, é uma referência ao termo ‘alt-right’ (ou direita alternativa), usado pelos próprios neonazistas, supremacistas e nacionalistas para descrever sua posição política.
Quando perguntando sobre a ‘alt-right’, o presidente americano decidiu inverter o jogo e culpar também os outros grupos presentes na manifestação pela violência. “O que acontece com a ‘alt-left’ que atacou o que estão chamando de ‘alt-right’? Têm alguma culpa?”, respondeu. “Eles têm algum problema? Eu acho que eles têm”, argumentou.
Para muitos especialistas em política americana, o termo ‘alt-left’ utilizado por Trump não se refere a nenhum grupo específico da esquerda. Seria somente uma expressão empregada por indivíduos para criar uma falsa equivalência entre a extrema direita e coletivos de esquerda, para criticá-los e exaltar seu extremismo.
A declaração de Trump gerou repercussão quase que imediata. Muitos senadores e deputados americanos criticaram a posição do presidente em suas páginas no Twiter, entre eles membros do Partido Republicano.
“Temos que ser claros. A supremacia branca é repulsiva. Este fanatismo é contrário a tudo que este país defende. Não pode haver ambiguidade moral”, tuitou o republicano Paul Ryan, presidente da Câmara dos Deputados.
“Trump reprova no teste de novo. Não há ambiguidade aqui, Sr. Presidente. Neonazistas, direita alternativa, supremacistas brancos são MAUS”, publicou também o senador democrata Gerry Connolly.