Trump ataca GM meio a negociações sobre produção de respiradores
Presidente americano ameaça invocar a Lei de Produção de Defesa para forçar a empresa a fabricar 40.000 aparelhos
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, criticou a montadora General Motors nesta sexta-feira, 27, sob a alegação de que a empresa teria mentido sobre o número de respiradores mecânicos que seria capaz de fabricar. Os aparelhos têm como destino os hospitais que tratam pacientes com Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.
Trump também ameaçou invocar a Lei de Produção de Defesa para obrigar a empresa a cumprir o número prometido. O recurso permite que o presidente direcione a produção de empresas do setor privado para atender às necessidades urgentes de segurança nacional.
“Como sempre, com essa General Motors, as coisas nunca parecem dar certo”, disse o presidente em post no Twitter. “Eles disseram que nos dariam 40.000 ventiladores muito necessários, ‘muito rapidamente’. Agora eles estão dizendo que serão apenas 6.000, no final de abril, e querem cobrar alto”, completou.
As usual with “this” General Motors, things just never seem to work out. They said they were going to give us 40,000 much needed Ventilators, “very quickly”. Now they are saying it will only be 6000, in late April, and they want top dollar. Always a mess with Mary B. Invoke “P”.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) March 27, 2020
Em outro tuíte, o presidente acrescentou: “A General Motors precisa abrir imediatamente sua fábrica estupidamente abandonada de Lordstown, em Ohio, ou alguma outra fábrica, e começar a fazer ventiladores, agora!”
General Motors MUST immediately open their stupidly abandoned Lordstown plant in Ohio, or some other plant, and START MAKING VENTILATORS, NOW!!!!!! FORD, GET GOING ON VENTILATORS, FAST!!!!!! @GeneralMotors @Ford
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) March 27, 2020
Pouco depois, a General Motors e a Ventec Life Systems, fábrica de equipamentos médicos, anunciaram que começariam a produzir respiradores mecânicos em uma unidade da GM no estado de Indiana. Segundo o comunicado, as máquinas seriam “enviadas no próximo mês”. As empresas também apresentaram a possibilidade de aumentar a capacidade de fabricação de mais de 10.000 ventiladores de cuidados intensivos por mês.
A declaração das empresas não abordou diretamente as críticas do presidente. Um acordo de 1,5 bilhões de dólares com as empresas está sendo avaliado pelo governo federal. De acordo com a GM, a empresa estaria “doando seus recursos ao custo”.
O alerta de Trump para a urgência dos respiradores foi uma guinada abrupta em relação à sua atitude anterior. Na noite de quinta-feira 27, durante entrevista à emissora americana Fox News, ele disse que os estados estavam inflando suas necessidades. O líder americano afirmou que não acreditar que “Nova York precisa de 30.000 respiradores”, após um pedido de auxílio do governador Andrew Cuomo ao governo federal.
Nova York é o estado mais atingido pela pandemia de coronavírus, com 44.635 casos confirmados e 519 mortes, segundo levantamento do jornal americano The New York Times. Lá, há apenas 11.000 respiradores mecânicos.
Em todo o país, ao menos 93.568 pessoas já contraíram o vírus, e 1.433 faleceram. Os Estados Unidos contam com cerca de 160.000 respiradores.
(Com Reuters)