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Trump ataca Macron por sua proposta de criação de Exército europeu

Americano caçoa de líder francês e cobra novamente por maior parcela de contribuição da Europa à Otan

Por Da Redação
Atualizado em 14 nov 2018, 17h42 - Publicado em 13 nov 2018, 19h06

Depois de cometer várias desfeitas a seu anfitrião Emmanuel Macron durante o último fim de semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ridicularizou na terça-feira 13 o “nível muito baixo” de popularidade de seu colega francês e declarou que, não fosse seu país, a França estaria falando alemão.

“O problema é que Emmanuel tem um nível muito baixo de aprovação na França, de 26%, e uma taxa de desemprego de cerca de 10%”, escreveu no Twitter. “Não há país mais Nacionalista que a França, um povo muito orgulhoso e com razão!”, acrescentou Donald Trump, para então emendar, em letras maiúsculas: “Devolvam a grandeza para a França!”.

As declarações do presidente americano pelo Twitter tiveram o objetivo de assinalar a contrariedade da Casa Branca às propostas de Macron de criação de uma força militar exclusivamente europeia. O presidente da França também havia alertado, nas últimas semanas, contra o ressurgimento do nacionalismo em todo o mundo. Mas o estilo de Trump provou ser tão grosseiro quanto as mensagens em si.

“Emmanuel Macron sugere construir seu próprio Exército para proteger a Europa dos Estados Unidos, da China e da Rússia. Mas foi a Alemanha, na I e na II Guerra Mundial. Como isso, acabou para a França?”, tuitou o presidente americano, querendo dizer que Berlim havia invadido a França nos dois conflitos. “Em Paris, estavam começando a aprender alemão antes de os Estados Unidos chegarem”, acrescentou.

Trump ainda mandou os europeus “pagarem pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)”. Tratou-se de uma forma de reiterar sua cobrança de desembolsos maiores de recursos pelos países europeus para a manutenção da maior força militar multilateral.

O ataque contra um aliado tradicional dos Estados Unidos, a quem Trump estendera o tapete vermelho em Washington no começo do ano, ocorreu apenas dois dias depois de o presidente americano ter se unido a cerca de setenta líderes mundiais, em Paris, para comemorar os 100 anos do fim da I Guerra Mundial (1914-1918).

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Na ocasião, Trump fez duas desfeitas a Macron. Antes de viajar para Paris, avisou que não participaria do Fórum pela Paz, iniciativa do presidente francês para reforçar a via do multilateralismo e para questionar a ascensão de líderes e movimentos nacionalistas. Já na França, cancelou uma visita que faria com Macron ao Cemitério Aisne-Marne, a 85 quilômetros de Paris. Ali estão enterrados soldados e fuzileiros navais americanos mortos durante os combates.

A Presidência francesa se negou a comentar as críticas de Trump pela rede social. Mas um conselheiro diminuiu a importância da rajada de mensagens do presidente dos Estados Unidos, avaliando que foram “escritos para os americanos”, e não exatamente para os franceses. “Não cabe a nós comentar conteúdos destinados aos seus cidadãos”, afirmou.

A chanceler alemã, Angela Merkel, fez nesta terça-feira um apelo similar ao do presidente francês e incentivou o trabalho por um “verdadeiro Exército europeu”. “Já conseguimos uma cooperação militar que é boa e continuaremos a apoiá-la. Mas o que devemos fazer (…) é trabalhar visando a criar, um dia, um verdadeiro Exército europeu”, disse Merkel no Parlamento Europeu, reunido em Estrasburgo, na França.

Mal-entendido

Trump e Macron pareciam compartilhar uma camaradagem especial nos primeiros dias de suas respectivas presidências, mas a relação deu uma guinada drástica no fim de semana.

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Em entrevista à CNN, após seu encontro com Trump, Macron disse que ambos falaram sobre o que seu governo considera ter sido um mal-entendido. Os dois teriam concordado que os custos da Otan deveria ser mais bem distribuídos, no sentido de a Europa se recostar menos nos Estados Unidos para gastos com sua defesa.

O presidente francês, porém, disse à CNN: “Para ser direto com vocês, o que não quero é ver os países da Europa aumentando os gastos de defesa para comprar armamento ou outros materiais americanos”.

Autoridades de Washington destacaram que seu governo está completamente comprometido com a Otan, apesar dos comentários de Trump.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, alertou na segunda-feira contra um fortalecimento da defesa da Europa às custas da Aliança Atlântica.

“Enalteço os esforços da União Europeia no campo da defesa (…) porque é positivo que os aliados europeus tenham mais capacidade, trabalhem de forma mais estreita”, mas “não comemoramos que a UE comece a desenvolver estruturas duplas”, disse o norueguês.

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(Com AFP e Reuters)

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