A Casa Branca decidiu levar adiante a imposição de tarifa adicional de importação de 25% sobre produtos chineses em junho. A medida punitiva deverá atingir 50 bilhões de dólares em compras de bens da China. Na visão do governo americano, a iniciativa manterá pressão sobre Pequim para a continuidade das negociações comerciais bilaterais.
Mas, em vez de impedir, poderá detonar uma guerra comercial entre os dois gigantes das transações internacionais. Pequim ameaça adotar retaliações, inclusive com tarifas elevadas sobre aviões, soja e automóveis americanos.
O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, marcou uma nova rodada de negociações na China para os dias 2 a 4 de junho, informou a agência de notícias estatal chinesa Xinhua nesta sexta-feira. Ross já conversou recentemente com o vice-primeiro-ministro e principal negociador chinês, Liu He, por telefone.
Na segunda-feira, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse à rede de televisão CNB que Ross pretende negociar uma “estrutura” que pode se transformar em “acordos obrigatórios entre empresas”.
A aplicação da tarifa de 25% foi anunciada na segunda-feira 28 pelo governo de Donald Trump. A lista final dos produtos a serem atingidos pela tarifa de 25% será divulgada em 15 de junho, quando a medida entrará em vigor. Os Estados Unidos ameaçam ainda com a adoção de restrições aos investimentos chineses e com o aumento dos controles sobre as exportações de produtos de tecnologia americanos para a China, em 30 de junho
As negociações entre Ross e Liu deverão envolver ainda o destino da empresa de equipamentos de telecomunicações chinesa ZTE. A Casa Branca proibiu as vendas de insumos americanos para essa empresa. O caso, segundo o jornal The New York Times, tem sido diretamente discutido por Trump e pelo presidente da China, Xi Jinping.
A disputa comercial entre Estados Unidos e China complicou-se nesta semana com o anúncio de Trump do início de uma investigação de segurança nacional sobre as importações de carros e caminhões. Essas investigações não se resumirão à China, mas devem atingir também aliados importantes dos EUA, como Canadá, México, Japão e Alemanha.
Na última rodada de negociações em Washington, em meados de maio, a China concordou em elevar suas compras de produtos agrícolas e de energia dos Estados Unidos. Os dois lados trabalharam em uma possível suspensão da sanção sobre a ZTE.
Trump ameaçou impor tarifas sobre 150 bilhões de dólares em produtos chineses para combater o que ele diz ser a apropriação indébita por Pequim da tecnologia dos EUA por meio de exigências de joint venture e outras políticas.
(Reuters)